Este ano, a produção de azeite em Trás-os-Montes regista uma diminuição significativa, mas mantém a qualidade que lhe é característica.

Segundo a Associação dos Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), o ataque de algumas pragas e a fraca adesão dos agricultores à antecipação da campanha estiveram na origem da quebra.
A Cooperativa de Olivicultores de Valpaços e alguns lagares da região ainda ofereceram prémios de produção para quem apanhasse o fruto mais cedo, mas a maioria dos homens da lavoura optou por começar a campanha mais tarde e há muita azeitona que já se encontra no chão.
A par da diminuição da produção, o preço também sofreu um decréscimo, dado que, este ano, o quilo da azeitona é pago a 0,40 euros, um valor que terá influência na comercialização do azeite regional.
No início da campanha, a AOTAD avança que o rendimento da azeitona oscila entre os 14 e os 19 por cento, enquanto a acidez média varia entre os 0,3 e os 0,5 por cento.
O processo de transformação do fruto é, igualmente, uma preocupação da associação, que tem levado a cabo acções de sensibilização para realçar a importância da adopção de procedimentos de segurança alimentar, nomeadamente da implementação do HACCP.

Agricultores sensibilizados para deixarem de usar sacos reutilizáveis na apanha da azeitona

No passado dia 27 de Novembro, a AOTAD reuniu mais de 100 lagareiros na Cooperativa dos Olivicultores de Valpaços, onde representantes da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) elucidaram os industriais sobre as práticas legais.
Para melhorar o processo de transformação, 129 unidades modernizaram o espaço e a maquinaria, para conseguirem o licenciamento. Além disso, a AOTAD está a implementar o HACCP em 66 lagares, através de apoio técnico e formação.
Os olivicultores, contudo, também podem contribuir para a melhoria da qualidade do azeite, deixando de utilizar sacos na recolha da azeitona e passando a utilizar embalagens adequadas ao armazenamento de produtos alimentares.

AOTAD analisa reforma rural

O Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) prevê algumas alterações para o sector do azeite, nomeadamente ao nível ambiental.
O documento prevê o financiamento do transporte e armazenagem de afluentes, o que leva a AOTAD a supor que o tratamento será realizado pelas Águas de Trás-os-Montes ou, eventualmente, pelas Águas do Norte.
Perante esta situação, a associação alerta para o facto de concelhos como Valpaços, Murça, Alijó, Carrazeda de Ansiães ou Freixo de Espada à Cinta ficarem excluídos deste apoio, uma vez que não são consideradas zonas prioritárias na Estratégia Nacional para os Afluentes Agro-Pecuários e Agro-Industriais.
No que toca ao apoio a projectos estratégicos de valorização da fileira do azeite, a AOTAD garante que está a fazer uma avaliação criteriosa do PDR para defender o financiamento deste sector agrícola.



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