A Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro espera um ano complicado no que toca ao rendimento. «Pode haver mais toneladas de azeitona mas vai haver menos toneladas de azeite», afirma o representante de cerca de dez mil olivicultores.

António Branco fala numa perda de 15 a 20 mil toneladas, relativamente às 90 mil que habitualmente se produzem na região. \"Este ano estamos a pensar que andaremos pelas 70 a 75 mil toneladas. Mas a campanha ainda não acabou e pode ser ainda pior. De forma global, apontamos uma redução entre os 35 e os 40 por cento\", refere. Mas, \"temos azeite de qualidade e estamos esperançados em ganhar mais alguns prémios internacionais\", adianta.

O presidente da AOTAD explica que tudo se deve a uma \"conjugação negativa de factores\", referindo-se, às geadas de 2007, que afectou grande parte do património olivícola regional e reduziu de forma significativa a produção média da região. Depois de um início de ano seco que prejudicou o rendimento e provocou uma acentuada diminuição da produção, agora foram as recentes condições climatéricas que vieram acentuar ainda mais as dificuldades dos olivicultores regionais.

\"A dificuldade em aceder aos terrenos e a queda da azeitona vieram transformar o final da campanha num pesadelo e acentuar o desânimo e desespero de uma fileira\", conta o dirigente agrícola, acrescentando que nesta região transmontana ainda existem os problemas das lavras, feitas no verão, que tornam os terrenos mais húmidos.

\"Lavra-se demais, gasta-se muito dinheiro em gasóleo\", explica António Branco, para quem apanhar a azeitona à mão é praticamente impossível\". \"Um quilo de azeitona custa 30 cêntimos. São precisos dois para pagar um café. Para andar um dia inteiro e apanhar individualmente 50 quilos não compensa se não for mecanizado\".

A AOTAD defende, por isso, uma alteração nos hábitos dos produtores, que passam pela mecanização e antecipação da apanha da azeitona.

Espalhados por Trás-os-Montes estimam-se que existem cerca de 80 mil hectares de olival, onde é colhida cerca de 50 por cento da azeitona portuguesa e produzido um terço do azeite nacional. Das três principais regiões produtoras de azeite de Portugal, apenas Trás-os-Montes prevê uma quebra na produção relativamente a 2008. No Alentejo estima-se um aumento de produção de 20 por cento na campanha deste ano, enquanto que na Beira Interior promete ser a melhor colheita dos últimos anos.



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