As vindimas na Região Demarcada do Douro deverão terminar durante esta semana, mas os operadores têm já uma certeza: menos quantidade de vinho em relação ao ano passado, mas qualidade potencial mais elevada, quer para vinhos generosos que vinhos do Douro tintos.

A previsão inicial do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto apontava para uma produção de 280 mil pipas - valor semelhante ao esperado o ano passado -, mas, segundo o vice-presidente da instituição, Jorge Dias, \"não deverá ser atingido\".

A culpa é atribuída \"às condições climatéricas verificadas em Setembro e nos primeiros dias de Outubro\". Não fossem as chuvas de Agosto e o cenário poderia ter sido muito pior.

Mesmo assim, o volume de produção esperado é superior às necessidades regionais. Tendo em conta que apenas 126 mil pipas de vinho têm direito a benefício e que as previsões de comercialização de Vinho de Mesa do Douro, Regional das Terras Durienses e Moscatel apontam para pouco mais de 50 mil pipas, \"perspectiva-se um excedente de produção\".

A Adega Cooperativa de S. João da Pesqueira espera ter uma quebra de produção na ordem dos 20%, relativamente a 2003. O presidente da direcção, Camilo Costa, diz que, em contrapartida, o grau de doçura das uvas é muito superior. E isso foi provocado pelo calor anormal do mês passado.

\"As uvas foram-se secando e pesavam menos\", precisou. Quanto à qualidade da vindima, Camilo Costa diz que \"ainda é cedo\" para a confirmar, porque \"às vezes espera-se uma coisa e no final sai outra\". Prefere não alinhar, para já, nos comentários de quem classifica 2004 como um ano extraordinário.

Na Adega de Vila Flor os elevados graus de doçura das últimas colheitas vieram compensar a menor qualidade verificada no início da campanha. O dirigente, Altino Duarte, salienta que na altura a maturação das uvas ainda não era a melhor, mas o produto foi melhorando à medida que Setembro avançava. Tal como o homólogo de S. João da Pesqueira, nota uma produção \"inferior à do ano passado\".

Um ano com poucas fraudes

Apesar de as vindimas ainda não terem terminado, não é crível que ainda se venham a verificar tentativas de introduzir fraudulentamente, na Região Demarcada do Douro, uvas ou mostos de outras zonas vinhateiras, à semelhança do que aconteceu em muitas das anteriores vindimas. Este ano foi, de resto, muito calmo neste particular, dado que, de acordo com o presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, \"o volume de produção excessivo não provocou apetência por esta infracção\".



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