O presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, insurgiu-se hoje contra os que contestam a construção de reservas de água, afirmando que “é preciso combater os discursos do ´não` às barragens”.

O dirigente falava em Bragança no encerramento da Jornada dos Cereais do Norte, promovida pela Associação Nacional de Produtores de cereais (ANPOC), com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, a participar por videoconferência.

O presidente da CAP referiu-se às notícias dos últimos dias que dão conta de que “os espanhóis estão a fechar a água do Douro” para defender que Portugal precisa “de uma estratégia para a água”, em que inclui as barragens.

Na sessão sobre os cereais, o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias já tinha pedido à ministra da Agricultura para que se empenhasse na resposta às necessidades de mais barragens identificadas na região”.

A resposta que o presidente da CAP considera que existe é “não”, alegando que “há uma estratégia de não em Portugal, não querem fazer mais barragens”.

“E se não querem fazer mais barragens, então como é que vamos pedir aos espanhóis, que as fizeram e que têm alguma água nas barragens, (como) vamos exigir a eles, dizer-lhes que a agua que eles reservam nas barragens, que eles fizeram, é nossa?”, questionou, considerando que “há aqui um ambiguidade que deveria ser alvo e objeto de ponderação e de análise”

E continuou: “nós precisamos de combater aqueles discursos do não, daqueles que apenas defendem que apenas podemos fazer aquilo que fazemos sem podermos progredir, que temos que viver com o que temos e que não podemos fazer mais barragens”.

Eduardo Oliveira e Sousa criticou ainda o discurso do secretário-geral do Conselho Nacional da Água sobre esta matéria.

“Insultou os agricultores de Portugal, chamando-os de perversos, gastadores, dependentes de subsídios, que não fazem as coisas e tudo o mais que possam imaginar. É isso o discurso oficial?”, perguntou, constatando e lamentando não ter ouvido “da parte do Ministério da Agricultura uma reação defendendo os agricultores”.

O presidente da CAP referiu-se ainda às notícias “de que os supermercados portugueses estão cheios de fruta contaminada com pesticidas”.

“Ainda bem que têm químicos, porque se não têm químicos, então não foram tratadas e nós precisamos que os produtores utilizem químicos porque os produtos precisam de ser tratados, precisam de ser defendidos. Uma coisa é utilizarmos os químicos com peso, conta e medida, outra coisa é não haver cuidado na utilização dos químicos”, contrapôs.

O dirigente afirmou que a CAP “fez a comparação entre as frutas portuguesas e as importadas”, concluindo que “as frutas portuguesas que apresentam resíduos de produtos químicos estão todas dentro dos limites legais” e “as importadas muitas não estão”.

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, respondeu às críticas do presidente da CAP destacando que existem “metas ambiciosas em relação à diminuição de fertilizantes”.

A governante reconheceu que a esta redução pode ser um problema, mas exortou os agricultores a olharem “para outros subprodutos da agricultura, que podem e devem ser utilizados como fertilizantes”.

Relativamente à questão da água, Maria do Céu Antunes referiu que o Governo está a atualizar o programa de regadio 20/30 com base estudo pedido à EDIA, a entidade que gere o Alqueva, para verificar as oportunidades de desenvolver o regadio coletivo em Portugal”.

Segundo disse, esse estudo vai ser apresentado “dentro de pouco tempo”.

Destacou ainda que “Trás-os-Montes é uma das regiões mais dinâmica no aproveitar dos recursos financeiros para o regadio”.

A ministra lembrou que se encontra “aberto um aviso aberto com cerca de 26,5 milhões de euros para que os agricultores possam usar tecnologia de precisão para utilizarem de forma mais eficiente a água”.

“A taxa de adesão não é muito simpática, por isso mesmo demos mais um mês para a apresentação de candidaturas, estamos a rever os critérios de elegibilidade, mas era muito importante que todos nos mobilizássemos para poder utilizar estas verbas para fazer face a este desafios que se colocam sobre a agricultura portuguesa”, declarou.



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