O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) tornou-se no único do interior do país com um laboratório associado, um estatuto que reforça o peso da investigação e multiplica por oito o investimento para esta área, revelaram hoje os responsáveis.

O IPB passou a ter um dos 40 laboratórios associados de Portugal, um estatuto reconhecido pelo sistema científico e tecnológico que permite a associação dos dois centros de investigação da instituição, o Centro de Investigação em Digitalização e Robótica Inteligente (CeDRI) e o Centro de Investigação de Montanha (CIMO).

O presidente do IPB, Orlando Rodrigues, explicou hoje que os laboratórios associados são “as instituições de topo” na área da investigação e o de Bragança “teve avaliação máxima em todos os parâmetros.

Este novo estatuto vai multiplicar por oito o financiamento anual da Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT) que, em 2019, era de 100 mil euros e agora passa para 800 mil euros anuais, como explicou o responsável pelo laboratório associado, José Alberto Pereira.

A investigação beneficiará ainda de um reforço anual, durante cinco anos, de 124 mil euros, sendo que o financiamento destina-se exclusivamente ao capital humano.

“Neste momento temos dois investigadores a tempo completo com contrato sem termo e o nosso objetivo é, ao longo de cinco anos, chegarmos aos 12, 14 investigadores”, apontou.

O reconhecimento dá também acesso a outros financiamentos, permitindo ao Instituto, como explicou o presidente, “procurar outros investimentos, nomeadamente para infraestruturas”, que é uma das necessidades atuais do IPB.

“O volume de investigação, o número de pessoas que estão a fazer investigação cresceu muito na nossa instituição e, portanto, as nossas infraestruturas laboratoriais estão saturadas e precisamos de mais financiamento nessa área”, concretizou.

A investigação desenvolvida localmente assenta em três linhas temáticas, concretamente uma ligada à agricultura e alterações climáticas, outra a produtos de base biológica e uma terceira linha ao acompanhamento de pequenas e médias empresas de base tecnológica.

Construir um novo edifício para a investigação, agora espalhada pelos laboratórios do IPB, é um dos projetos futuros do presidente que pretende recorrer aos diferentes instrumentos disponíveis para financiamento, desde o Plano de Recuperação e Resiliência ao programa de cooperação transfronteiriça.

Com Espanha está em curso a criação do Laboratório Ibérico de Alimentos, projeto em parceria com a universidade de Vigo e que envolve outros parceiros dos dois lados.

O IPB tem também projetos para a área da Saúde com novas instalações para os cursos ministrados nesta área.

São “vários milhões de euros” em projetos e candidaturas, segundo o presidente que ainda não tem um número estimado para os investimentos que pretende realizar para colmatar as “necessidades infraestruturais”.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, esteve na apresentação do laboratório associado de Bragança e destacou o aumento no financiamento à investigação, indicando que “em mais nenhuma zona do país o diferencial foi tão grande”.

O governante defendeu que este caminho que o politécnico de Bragança está a fazer “será uma oportunidade para o surgimento de novas oportunidades, concretamente “uma escola de pós-graduação e, eventualmente, o reforço a nível europeu daquilo que são os temas de montanha, que diferencia o IPB no contexto europeu”.



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