Instituição tem sido fator de desenvolvimento para uma região envelhecida.

Numa região de onde "tudo foge", há 30 anos que o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) é fator de atração de professores e alunos e um motor económico comparado a 80 empresas com cem funcionários cada.

"Ninguém concebe Bragança sem o Politécnico", vinca à Lusa o fundador Dionísio Gonçalves, professor que trocou a cátedra da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro pela criação daquela que é a terceira maior empregadora do distrito de Bragança e geradora de negócios.

Aquele docente, que esteve à frente da instituição durante 23 anos, lembra que "quase 80 por cento" dos cerca de 400 professores "emigraram do litoral para o interior", assim como 75 por cento dos estudantes são oriundos de fora da região.

Dionísio Gonçalves foi o rosto da luta pela elevação do Politécnico a Universidade, algo que nunca aconteceu. Ainda assim, garante que não se sente derrotado.

"Conseguimos alcançar o objetivo de outra maneira: fizemos a universidade por dentro", defende.

O professor jubilado, que faz parte do Conselho Geral e continua a fazer investigação no centro de Montanha, o CIMO, defende que o que se conseguiu desde a fundação "é ensino universitário na mesma".

"Vejam-se os rankings em que a instituição está. É universitária em qualquer parte do mundo, em pé de igualdade com dezenas de universidades", afirma, apontando o ranking europeu que, pelo terceiro ano consecutivo, atribuiu a Bragança o estatuto de melhor politécnico do país e o único no top 10 das instituições de Ensino Superior portuguesas.

Tudo começou há 33 anos com 120 alunos e duas escolas, as superiores Agrária e de Educação, a que se seguiu a de Tecnologia e Gestão com um polo em Mirandela, há 20 anos, que se autonomizou na escola de Turismo e Comunicação.

A estas junta-se ainda a Escola Superior de Saúde, com um total de perto de sete mil alunos, entre os quais mil estrangeiros de 35 nacionalidades, e os chamados novos públicos, como os maiores de 23 ou os cursos técnicos.

Com mais de mil professores e funcionários, o instituto é dos maiores geradores de emprego e volume de negócios da região, impulsiona uma faturação anual de 52 milhões de euros e a ocupação de mais de dez por cento da população ativa.

As conclusões são de um trabalho de doutoramento realizado na instituição, que indica ainda que a atividade económica do IPB corresponde a 8,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) dos concelhos de Bragança e Mirandela.

O presidente, Sobrinho Teixeira, tem reiterado que a vida académica do IPB equivale à dinâmica económica de 80 fábricas com uma centena de funcionários cada.

Se desaparecesse, "era desastroso, inimaginável", na opinião do fundador Dionísio Gonçalves.

A cidade cresceu para albergar a comunidade académica e a face mais visível é em redor do campus da Quinta de Santa Apolónia, que concentra serviços e escolas.

A zona histórica de Bragança tornou-se multicultural, com alunos de diferentes nacionalidades a ocuparem as residências para estudantes estrangeiros em edifícios recuperados para o efeito.

Os negócios vivem dos estudantes, desde a restauração, a material para os estudos ou a animação noturna.

O Gabinete de Empreendedorismo já ajudou atuais e ex-alunos a criarem, em menos de cinco anos, quase três dezenas de empresas com 65 postos de trabalho e um volume de investimento próximo de 1,6 milhões de euros.

Acresce, ainda, a transposição para a comunidade da investigação feita na instituição, como o remédio para debelar o cancro do castanheiro ou o apoio à olivicultura, duas das mais importantes culturas da região.

O IPB tem uma das investigadoras portuguesas mais citadas a nível mundial na área agroalimentar.

O fundador Dionísio Gonçalves lembra, também, "a quantidade enormíssima de diplomados integrados no tecido empresarial regional e apontou o exemplo do atual diretor da fábrica de Bragança da multinacional de componentes para automóveis, a Faurécia, que é um antigo aluno do IPB.
Lusa



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