A goleada sofrida diante do Santa Clara foi mesmo a gota de água que levou à ruptura entre o Desportivo de Chaves e José Alberto Costa, que deixou o comando técnico da equipa fla- viense depois da reunião mantida com a comissão administrativa do Chaves na passada quarta-feira.

Os flavienses partiram de imediato à procura de novo treinador e a escolha acabou por recair em Manuel Correia, antigo jogador e capitão do Chaves.

Tal como o Semanário TRANSMONTANO noticiou na edição da semana passada, a ruptura entre José Alberto Costa e o Desportivo de Chaves estava eminente, já que o técnico não dispunha das condições necessárias para continuar a exercer as suas funções. O acordo amigável para a rescisão com José Alberto Costa viria a ser conseguido numa reunião mantida na noite de quarta-feira, que se prolongou madrugada a dentro, que, por motivos de fecho da edição, não nos foi possível dar conta na semana passada.
O desagrado dos sócios do Desportivo de Chaves para com o trabalho do técnico era por demais evidente e à comissão administrativa flaviense não coube outra solução senão proceder à rescisão do contrato com Costa. Uma decisão que acabaria por ser bem mais pacífica do que a tomada por alguns associados do Chaves na manhã do mesmo dia, altura em que descarregaram a sua fúria sobre o carro do então técnico fla-viense. Um acto a todos os níveis reprovável, pese embora as razões que lhes possam ter assistido.
Na sexta-feira, José Alberto Costa, algo surpreendentemente, viria a pronunciar-se sobre as razões que levaram ao seu afastamento do cargo de técnico do Desportivo de Chaves, em conferência de imprensa realizada nas instalações da Associação Nacional de Treinadores. Costa começou por referir que as chicotadas psicológicas caracterizam o "amadorismo de quem gere, já que é muito mais fácil atirar com todas as culpas para cima dos treinadores". No entanto, Costa ressalvou a posição dos principais elementos da comissão administrativa, nomeadamente de Castanheira Gonçalves, por quem diz ter a maior consideração, amizade e estima. Depois, o ex-técnico flaviense apontou o dedo a Carlos Veras, ex- -membro do departamento de futebol do Chaves e correspondente do jornal "O Jogo", a quem acusou de ser o principal responsável por todo o clima que se gerou em volta da equipa flaviense. Costa garantiu que encontrou em Carlos Veras um grande opositor ao seu trabalho, enquanto desempenhava funções no departamento de futebol, e alguém que quando deixou essas funções "minou e procurou enfraquecer o grupo de trabalho". José Alberto Costa foi ainda mais longe e acusou Carlos Veras de ser o impulsionador do grupo de adeptos que criticava o seu trabalho jogo após jogo. Por seu lado, Carlos Veras reagiu às acusações que lhe foram movidas e garantiu que a má relação com José Alberto Costa se devia ao facto do técnico querer aproveitar as suas funções como jornalista para adulterar crónicas e persuadir outros colegas da comunicação social no sentido de tomarem a mesma atitude. Por discordar com as posições assumidas pelo treinador, Carlos Veras, que garante só ter assumido funções no departamento de futebol do Chaves pelo amor que tem ao clube e pelo facto de não se apresentarem pessoas dispostas a assumir essas funções, viria a demitir-se do cargo após o jogo com o Setúbal.
A propósito dessa ocasião, Costa apresenta uma outra versão. No final do jogo diz ter colocado o seu cargo à disposição e a comissão administrativa não só não aceitou como ainda "decidiu correr com o elemento destabilizador".
Polémicas à parte, o "dossier Costa" parece estar definitivamente encerrado, até porque o cam-peonato da Liga de Honra ainda não chegou sequer ao meio e o Desportivo de Chaves continua a alimentar esperanças de poder chegar a uma boa classificação, talvez até os lugares que dão acesso à subida de escalão. Os olhares estão agora voltados para Manuel Correia, que assumiu na passada terça-feira as funções de novo treinador do Desportivo de Chaves e já estará à frente do comando técnico da equipa no jogo deste fim--de-semana, frente ao Feirense, equipa que tem vindo a realizar uma boa temporada.
Consumada a saída de Costa, o nome de Manuel Correia era o que tinha maior consistência e depressa a sua ligação ao emblema fla-viense ganhou forma. Manuel Correia é também um nome do agrado dos sócios, já que se trata do regresso a uma casa que o técnico bem conhece, já que foi em Chaves que fez os últimos sete anos da sua carreira como jogador, os últimos dos quais ostentando a braçadeira de capitão e sendo portador da mística que caracterizava o Desportivo de Chaves. Foi também em Chaves que iniciou a sua carreira de treinador, sendo adjunto de José Romão, primeiro, e de Álvaro Magalhães, posteriormente, tendo assumido o comando técnico da equipa, de forma interina, na passagem de testemunho entre estes dois técnicos (não sendo muito bem sucedido).
Depois da sua saída do Desportivo de Chaves orientou o União de Lamas e o Felgueiras, curiosamente duas equipas que enfrentavam graves problemas financeiros e, consequentemente, desportivos. Apesar da sua experiência (sobretudo no Felgueiras) não ter sido bem sucedida, Manuel Correia deixou indicações positivas, que justificam a sua contratação.
Natural do Seixal, neste momento exercia funções no departamento de futebol da sua terra natal e encontrava-se disponível para aceitar o desafio que lhe foi proposto pelo Desportivo de Chaves.
Manuel Correia assumiu um compromisso válido até ao final da presente temporada, tendo como adjunto Amadeu Rosas, único elemento que transitou da equipa técnica anterior, já que, à semelhança de Costa, também o preparador físico José Lopes rescindiu o contrato que o ligava ao Desportivo de Chaves.
O novo técnico não deverá sentir problemas de adaptação ao Desportivo de Chaves, até porque, para além de se tratar de uma casa que bem conhece, no plantel flaviense constam ainda alguns jogadores velhos conhecidos, como o são o caso de Lino e Paulo Alexandre.



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