Era uma vez um emigrante habituado a trabalhar em terras de Espanha. Por razões ainda não esclarecidas, foi dado como morto. A família ficou num pranto. Como não tinha possibilidades económicas para a trasladação do corpo, mandou celebrar missa pela alma do defunto. Na passada terça-feira regressou à aldeia natal e surpresa foi geral.

"Fiquei surpreendido quando fui informado por um conterrâneo que tinha sido dado como morto", disse Fernando Chaquiço, momentos antes de entrar no autocarro que o transportou de Mirandela para Ligares. A hipotética morte foi conhecida no passado dia 16 de Novembro do ano passado, mas a família só foi informada no dia 16 de Janeiro de 2004.

O morto-vivo garantiu, ainda, não encontrar nenhuma justificação para semelhante boato e, agora, mostra-se disponível para provar junto de várias entidades locais que continua vivo. E de boa saúde. E mais: possui toda a documentação pessoal em seu poder. Mistérios que as autoridades terão, agora, de desvendar.
No meio desta confusão há informações que dão conta de um cidadão falecido na referida data e que tinha sido encontrado com o seu bilhete de identidade no bolso. O morto-vivo afirma, entretanto, que nunca se separou do documento.

Trabalhar de graça

Uma coisa parece certa: o cidadão português desloca-se há oito anos para a vizinha Espanha para a apanha de fruta, na zona de Valência, e garante ter sempre trabalhado ao lado de outros portugueses da sua região.
A única mágoa de Fernando Chaquiço é que, desta vez, os patrões ficaram a dever-lhe cinco meses de trabalho árduo e difícil. Como veio de mãos a abanar, teve, inclusive, de recorrer à boleia, nem tinha dinheiro para os transportes. Porém, como é um homem de fé, não perdeu a esperança de recuperar o dinheiro.
Agora, após a situação embaraçosa, o emigrante garante que vai continuar a trabalhar na sua terra, embora carregando outra cruz: "A situação é ridícula e ficará sempre na minha memória". Perante o desfecho desta história, os familiares ficaram, naturalmente, emocionados e felizes. Mas garantem que vão recorrer à justiça para esclarecer o mistério.



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