Um idoso de Rio Frio, no concelho de Bragança, faleceu no Hospital Distrital de Bragança (HDB), ao final da tarde do passado dia 31 de Dezembro. Até aqui nada de estranho, não se tratasse de um doente que, na manhã do mesmo dia, foi assistido na Urgência e encaminhado para casa após o tratamento.

A morte só veio a verificar-se poucas horas depois, quando a vítima regressou à Urgência do HDB, onde acabou por falecer.
As complicações de A. Ferreira, 69 anos, começaram logo no dia 30, quando sofreu o primeiro desmaio. Após uma noite mal passada, decidiu socorrer-se da Urgência do HDB, na companhia da esposa, tendo sido transportado numa ambulância dos Bombeiros Voluntários de Bragança (BVB).
O médico de serviço auscultou-o, medicou-o e aconselhou-o a regressar a casa. "Não o deixe deitar-se. Sente-o e dê-lhe a medicação", terá dito o clínico à esposa do falecido. O casal assim fez, mas A. Ferreira já não chegou a entrar na casa de Rio Frio. "Quando estávamos à porta de casa, o meu marido desmaiou outra vez e tive de chamar a ambulância para o levar novamente para o Hospital", relatou a esposa ao Jornal NORDESTE.
De regresso ao HDB, o doente acabou por ser internado, tendo falecido ao final da tarde. A cÎnjuge não consegue conter a revolta. "Então porque é que não ficou internado quando foi lá a primeira vez", questiona a senhora.
Os registos do BVB deixam poucas dúvidas quanto ao espaço de tempo que separou a primeira entrada na Urgência do HDB e o internamento.

Horas fatais

Fonte da corporação revelou que o primeiro alerta foi dado às 9:56 horas. A chegada a Rio Frio deu-se às 10:10 e a entrada no Hospital ocorreu pouco passava das 10:30 horas. O regresso da ambulância a Rio Frio ocorreu duas horas depois. Os bombeiros chegaram à aldeia às 12:39 horas e transportaram o doente de imediato para o HDB. "Estava consciente, mas tinha a pressão arterial baixa, além de que estava muito pálido e a suar", acrescentou a mesma fonte. A entrada no Hospital deu-se pouco antes das 13 horas.
Até hoje, a esposa do falecido ainda não recebeu qualquer informação rigorosa acerca das causas da morte. "Disseram-me na funerária que foi do coração e que quando o meu marido foi internado já estava baixo, mas não me disseram mais nada", garante a senhora.

Hematoma na testa

Além da falta de informação, há um aspecto que não escapou à senhora. "Apareceu com um grande hematoma no lado direito da testa, que não tinha quando foi internado", garante a esposa.
O Jornal NORDESTE tentou obter uma explicação da parte do HDB, mas o director clínico da unidade disse desconhecer a situação e remeteu os esclarecimentos para mais tarde.
Sabe-se, no entanto, que A. Ferreira era uma pessoa extremamente doente. Para além de problemas na coluna vertebral, próstata e diabetes, sofria de ácido úrico. Além disso, as análises realizadas recentemente acusaram anemia.
De qualquer forma, a cÎnjuge mostra-se indignada com o tratamento que foi dado ao marido no HDB. "Discuti com o médico, porque se ele tem sido internado logo da primeira vez, talvez não tivesse morrido", defende a senhora.



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Colaboração de Siza Vieira

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