O Ministério Público de Bragança está a investigar um caso de violência doméstica sobre uma grávida que perdeu o filho, presumivelmente como consequência de alegadas agressões violentas por parte do companheiro, revelou esta segunda-feira fonte médica, noticia a Lusa.

«Um caso extremo e chocante» de violência doméstica que só foi descoberto depois deste desfecho, disse a médica Fátima Ramos, membro da Comissão Distrital de Bragança de Luta Contra a Violência Doméstica.

Esta comissão apresentou hoje as actividades em curso e as futuras para o combate a esta problemática numa região onde ainda não há estudos nem estatísticas, segundo admitem as autoridades.

Os profissionais de saúde são, muitas vezes, os primeiros a lidar com os casos como o que aconteceu há cerca de um ano e que foi agora denunciado às autoridades judiciais.

Segundo contou a médica Fátima Ramos, tudo levava a crer trata-se de uma situação de má formação do feto, que resultou num aborto espontâneo às 28/29 semanas, ou seja já próximo do final da gravidez.

A autópsia é que desvendou este alegado caso de violência doméstica e que o desfecho desta gravidez terá sido consequência de «uma violenta agressão», causa das deficiências e abortamento do feto, afirmou a médica.

De acordo com Fátima Ramos, só depois destes dados é que a mulher admitiu ter sido vítima de violência doméstica.

«Ainda assim pediu um tempo para reflectir sobre se iria denunciar o companheiro às autoridades», contou Fátima Ramos, afirmando que esta situação é recorrente na violência doméstica, além da vítima manter a relação com o agressor.

Tanto a médica como a coordenadora da comissão distrital, Adelaide Ribeiro, realçam que cada vez é menos verdadeira a ideia de que este é um problema de classes sociais mais baixas e associado exclusivamente ao alcoolismo.

Os intervenientes do caso referido são jovens, com alguma independência económica, daí o ter sido apontado pelas autoridades «não só para desmistificar algumas ideias, mas como exemplo da actuação das autoridades competentes e das eventuais consequências para o agressor».

Fátima Ramos lembrou que 50 mulheres morrem em Portugal, por ano, vítimas de violência doméstica, a maior parte nos dias seguintes à formalização da queixa



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