O Presidente da República foi ontem a Alfândega da Fé inaugurar o novo centro escolar e elogiou as virtualidades da transferência de competências da administração central para a administração local. Mas o ambiente mantém-se tenso entre Governo e Associação de Municípios

Cavaco faz votos para que continue diálogo \"frutuoso\"

\"Lanço daqui um apelo aos autarcas portugueses para que aceitem assumir maiores responsabilidades em matéria de educação.\" Mais claro não podia ter sido. Ontem, em Alfândega da Fé (Bragança), ao inaugurar um centro escolar, o Presidente da República colocou-se do lado do Governo na batalha pela transferência de mais competências educativas da administração central para a administração local.

Para reforçar os seus próprios argumentos, Cavaco Silva afirmou estar \"sinceramente convencido\" de que a transferência de competências para as autarquias é a \"forma eficiente de combater o abandono e o insucesso escolar\". \"Faço votos para que o diálogo que se tem vindo a desenvolver entre os autarcas e o Ministério da Educação seja frutuoso.\"

Em Lisboa, à margem de uma reunião das \"Novas Fronteiras\" do PS, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, começou por não querer comentar as palavras do Presidente (\"não comento comentadores\"). Mas depoisreconheceu que \"é sempre importante a palavra do senhor Presidente da República\". O Presidente - disse - foi \"sensível\" ao \"exemplo\" que o Governo deu mostrando-se \"disponível para partilhar com as autarquias\".

António Ganhão, vice-presidente da ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses), disse entender as declarações do Presidente como \"partindo da parte de alguém que considera que estão compatibilizados os interesses dos municípios com aquilo que são os interesses do Ministério da Educação\". \"Não as interpretamos como nada mais do que isso.\"

O autarca criticou a ministra: \"Estranhamos que o Ministério desvalorize a importância das negociações com a ANMP\". E explicou essa desvalorização: \"A partir de certa altura a senhora ministra decidiu passar a falar directamente com alguns municípios.\" Mesmo assim, a associação mantém-se disponível para dialogar: \"Sentimo-nos magoados com a atitude do Ministério porque sempre estivemos nestas negociações com o maior empenho e lealdade. (...) Mágoas são mágoas, mas pomo-las de lado, porque este processo é demasiado importante.\"

A ministra desvalorizou as críticas: \"Há dúvidas de António Ganhão mas não há qualquer posição formal da ANMP.\" Salientou que a associação deu uma orientação às autarquias para que cada uma procedesse como entendesse.

Nas \"Novas Fronteiras\" José Sócrates desdobrou-se em elogios à obra do Governo - e fê-lo salientando especificamente o papel de Maria de Lurdes Rodrigues.

Para o líder socialista, quem critica o Governo está a ofender todo o sector. \"Essa tentativa de denegrir o sucesso de um País, esse espectáculo lamentável de quem só aparece na televisão para dizer mal é uma ofensa aos professores, aos alunos e às famílias que se empenharam na educação dos seus filhos.\" Sócrates - que voltou a criticar a \"maledicência\" dos discursos da oposição - insistiu na ideia de que \"não há nenhum programa político de centro-esquerda que não coloque a educação como prioridade das prioridades\". com P.S.T.



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