A continuação da linha do Douro até Salamanca pode estar comprometida pelo garrote da crise em Espanha. Pelo menos para já. Autoridades portuguesas estão a sensibilizar espanhóis para a importância do projecto.

No plenário da Comunidade de Trabalho Norte de Portugal - Castela e Leão, realizada, ontem, em Valladolid (Espanha), o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Carlos Lage, solicitou à Junta de Castela e Leão que \"faça o seu trabalho\" para reabilitar a linha ferroviária entre Vega Terrón, junto à fronteira portuguesa, e a estação de La Fuente de San Estéban, onde ficaria garantida a ligação por comboio até Salamanca.

Carlos Lage apresentou as intenções portuguesas em relação à linha do Douro, entre Pocinho e Barca de Alva, realçando o acordo assinado na semana passada entre o Governo e várias entidades públicas. Só que, enquanto reabilitar para fins turísticos os 28 quilómetros portugueses vai custar 25 milhões de euros, os espanhóis terão de gastar uma verba que não deverá andar longe do triplo para recuperar a sua via, com 70 quilómetros de extensão. Já para não falar dos 20 túneis e 13 pontes que existem no seu tramo final, que, para além de tornarem a via espectacular, encarecem sobremaneira a obra.

Daí que Carlos Lage se mostre prudente, asseverando que a reabilitação da via \"não é uma questão dada como adquirida do lado de lá da fronteira\". As autoridades portuguesas prometem fazer pressão junto do Governo de Madrid para que \"coloque este projecto na agenda\", dado o \"interesse patrimonial e cultural\" da linha e sua utilidade para o desenvolvimento turístico das duas regiões. Lage diz-se convencido que \"não terão argumentos de fundo para se opor a este projecto\", mas se não houver dinheiro, o cenário pode mudar de figura. Ele próprio percebeu, ontem, em Valladolid, que o Governo espanhol luta com \"dificuldades de orçamento em áreas como a Saúde, Educação e Segurança Social\". Como tal, suspeita de \"um certo risco de contenção que possa atrasar a reabilitação da linha espanhola\".

Carlos Lage chamou, ainda, a atenção da Junta de Castela e Leão para a necessidade de ligar Bragança a Zamora por auto-estrada, pois do lado português estão em construção o túnel do Marão e a auto-estrada transmontana. A sua continuidade em solo castelhano contribuirá para o \"aprofundamento da integração social e económica das duas regiões\".

Na reunião de ontem foi aprovado, ainda, o primeiro Plano Estratégico de Cooperação entre as duas regiões. Tem como ponto comum o desenvolvimento integrado do vale do Douro/Duero com base nos recursos turísticos, enológicos e de património classificado vale do rio Douro, entre outras potencialidades.



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