A formalidade geométrica de edifícios, monumentos e pontos de referência é desconstruída pelo pintor em torno de cores vibrantes e pontos de luz de uma dinâmica expressionista onde a aguarela é rainha numa exposição intitulada “Cidades”.

 

Decorreu na passada sexta-feira, dia 2 de fevereiro, a inauguração da exposição de pintura “Cidades”, de João Freire. Com esta coletânea de trabalhos mais recentes, agora patente na Sala Luís de Camões do Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, o artista pretende “transmitir ao observador emoções momentâneas, na busca poética incutida pela desconstrução formal das formas nas mais variadas construções de estruturas geométricas mais elaboradas, aliadas a ritmos de linhas gestuais numa dinâmica que viaja para além da abstração”.

Com várias exposições já apresentadas ao público na capital do nordeste, a última das quais com um enfoque particular na temática das crianças, João Freira considera que esta é a exposição que “carateriza mais o meu trabalho”.

“Esta se calhar é uma das melhores exposições que eu faço e a primeira, mais a sério, em que existe uma temática, a única. Normalmente, as minhas exposições parecem exposições coletivas porque eu não gosto de estar sempre a trabalhar na mesma coisa mas aqui como as ideias iam surgindo de uma outra forma deu direito a isto”, confessou o desenhador projetista que, atualmente, trabalha profissionalmente para a marca Altice (antiga MEO) e que tem na pintura mais que um hobby, uma paixão. 

“Se quiserem conhecer-me, é verem esta exposição porque eu gosto, porque eu tenho o preconceito de que a arte não deve ser a cópia de algo, mas o partir de algo e criar mais alguma coisa e é isto que eu gosto mesmo de brincar, com as formas, construindo, desconstruindo, se a forma é direita eu dou uma curva e depois jogando com as cores e na aguarela ouve o cuidado da luz e é este jogo que partiu de uma experiência que eu pensei que não era possível em aguarela, mas funcionou”, descreveu João Freire, que trouxe 43 das suas obras para esta mostra artística. “São mais trabalhos, não estão aqui todos porque não quis ofuscar muito as paredes porque acho que as paredes têm que respirar um pouco. Estão aqui 43 de 50 e tal trabalhos, mas agora que parei, na altura era mais fácil, mas quando se para, pronto, parou e acho que esta etapa está terminada”, confessou o pintor, esclarecendo que esta exposição era para ter estreado no Porto, “mas eu quis que começasse em Bragança, depois vai a Vila Real”, adiantou.

 

Cidades reais como Bragança, Vila Real e Porto ou cidades fruto do imaginário e da criatividade de J. Freire podem ser “revisitadas” no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira.

 

Quanto à mensagem imbuída nos quadros de aguarela, João Freire destaca que, “normalmente, um cidadão comum vê as coisas, mas não observa e se nós estivermos mais atentos se calhar vemos outros pormenores até mais interessantes do que aqueles captados à primeira vista. E é isto que este trabalho tem. As formas que se calhar nos passam ao lado podem ser recriadas de uma outra maneira e trata-se, também, de forçar o observador a entrar na minha imaginação”.

Neste sentido, as formas geométricas são utilizadas na estilização de paisagens humanizadas arquitetónicas com uma infinidade de formatos variados e linguagem modernizada onde o artista parte do real para o seu imaginário, ficando muitas das vezes, apenas, pelo imaginário. E é, desta forma singular, que o artista quebra a rigidez e a formalidade características dos elementos geométricos ao aliá-los a uma dinâmica expressionista viajando desta forma pelo seu universo imaginário das cidades em aguarelas caraterizadas por pinceladas espontâneas e manchas expressivas aliadas a ritmos de linhas de cores vibrantes e pontos de luz.

Presente na inauguração esteve o presidente da Câmara Municipal de Bragança que, enquanto apoiante incondicional da cultura, vê na criação a possibilidade dos artistas poderem mostrar os seus trabalhos ao público.  “Nós, normalmente, temos esta possibilidade de disponibilizar o espaço aos artistas da nossa terra e a outros também como é evidente, mas neste caso em particular, sendo uma pessoa que já tinha feito exposições em Bragança e tendo também ele essa vontade de mostrar os seus trabalhos, a questão limitou-se à cedência do espaço no sentido de prestarmos algum apoio à cultura que é aquilo que nós fazemos”, testemunhou Hernâni Dias perante a Comunicação Social, já no final da exposição, considerando esta coletânea de aguarelas executadas por João Freire como sendo “muito interessantes”.

De acordo com o edil brigantino, a nível artístico, o município está e estará sempre de portas abertas para avaliar qualquer pedido em que seja requerido não só o espaço como aconteceu neste caso em concreto, mas inclusive outro tipo de apoios. “O importante é quando as pessoas criam que possam colocar o fruto da sua criação para outros disfrutarem também das suas obras”, sustentou o autarca, para quem estas exposições resultam num “contributo importante não só para a dinamização deste espaço em particular, mas também e de uma perspetiva geral, para a dinamização cultural do próprio município”.

 


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