O prémio CUF constitui \"um exemplo de como a indústria pode reforçar o desenvolvimento científico nacional\", afirmou o presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

\"Pela primeira vez uma indústria reconhece publicamente que as teses de doutoramento são importantes para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, um exemplo que deveria ser replicado\", sublinhou o presidente da FCT, RamÎa Ribeiro, na cerimónia de entrega dos prémios CUF, na Cordoaria Nacional.

O prémio, com o valor monetário de 5.000 euros (1.000 contos), visa distinguir a melhor tese de doutoramento efectuada nos últimos três anos na área da Engenharia Química, preferencialmente com aplicação prática na indústria.

Segundo RamÎa Ribeiro, \"sempre que a investigação é de qualidade encontra aplicações que beneficiem a sociedade\".

O reforço da ligação entre universidades e empresas tem sido, aliás, uma das bandeiras do executivo na área da ciência e da tecnologia.

O presidente da FCT reafirmou a intenção do governo de lançar, aproximadamente dentro de um mês, as Bolsas de Doutoramento Empresarial (BDE).

\"Os doutorados farão a sua tese numa empresa, embora continuem inscritos e a ter um orientador na Universidade\", explicou.

O vencimento é pago em partes iguais pelas duas instituições, pelo que \"se o projecto tiver qualidade, a empresa tem todo o interesse em admitir o doutor no final da tese\".

No entanto, o presidente da FCT sublinhou que a investigação fundamental, \"também essencial à inovação do país\", continuará a ser \"fortemente apoiada\" pelo Estado, já que é mais difícil cativar as empresas neste caso.

Manter os centros de decisão em Portugal, reforçando a competitividade nacional, é o objectivo central do prémio CUF, segundo o presidente do grupo, João de Mello.

Segundo João de Mello, o prémio constitui apenas uma das vertentes de um projecto mais vasto CUF/Universidades, que passa pelo reforço quotidiano da cooperação com o meio académico e pelo investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D).

Nesta primeira edição, o prémio distinguiu uma tese com aplicações na indústria farmacêutica, que propõe uma tecnologia alternativa para a separação dos compostos quirais.

Os compostos quirais são formados por duas substâncias, muito semelhantes mas não iguais e com efeitos clínicos diferentes.

\"Nos compostos quirais, uma das substâncias tem a acção médica desejada enquanto a outra é inerte ou pode até ter efeitos perversos\", explicou Luís Pais, da Escola Superior de Tecnologia e de Gestão do Instituto Politécnico de Bragança e autor do trabalho premiado.

\"As agências reguladoras dos medicamentos insistem cada vez mais na separação dos compostos, já que é clinicamente preferível utilizar a forma pura, além de que se for possível fazer o mesmo tratamento com metade da quantidade melhor\", sublinhou o investigador de 36 anos.

A CUF atribuiu ainda duas menções honrosas, a João Almeida Lopes, do Centro de Engenharia Biológica e Química do Instituto Superior Técnico, e a João Ferreira Alves, que trabalha em Inglaterra na empresa UOP.

A CUF, cujas origens como grupo industrial remontam a 1865, actua hoje predominantemente na área das indústrias de processos químicos, com bases produtivas localizadas maioritariamente em Portugal e em Espanha.

Segundo dados do grupo, a CUF concretizou em 2002 um total de investimentos e despesas em Investigação e Desenvolvimento (I&D) da ordem dos 3,5 milhões de euros, dispondo para o efeito de cerca de 40 investigadores e técnicos.

O volume de negócios de todo o grupo CUF rondou, também em 2002, os 500 milhões de euros.

A construção de uma nova fábrica de sal puro em Pombal, com tecnologias de cristalização e purificação inovadoras a nível mundial, e o lançamento no mercado de novas fibras acrílicas são alguns exemplos de resultados do investimento do grupo em I&D.



PARTILHAR:

«Os atrasos não vão encarecer a intervenção»

Espaços vão ser cedidos pela Igreja Matriz