A empresa proprietária da Casa do Abade Baçal, um investigador brigantino que escreveu as Memórias Arqueológicos-Históricas do distrito, ameaça avançar com a demolição do imóvel. O presidente da Câmara diz que a demolição não pode ser feita sem autorização.

A empresa foi notificada para que proceder à reparação de algumas paredes que ameaçam ruir para a via pública, mas Guedes de Almeida, advogado do proprietário, garante que não dispõem de meios financeiros para cumprir o pedido da Câmara, por não ser sustentável. A empresa quer vender o edifício ao município.\"A Câmara tem que aceitar, senão vai abaixo, não pode fazer obra, não se vê ali lucro nenhum\". A casa localizada na aldeia de Baçal, em Bragança, foi adquirida pela empresa Sopedra há meia dúzia de anos, com o objectivo de lá instalar um hotel rural, com 22 quartos, \"mas a crise e as dificuldades de acesso ao crédito dificultaram a realização desse objectivo\", referiu o advogado. O imóvel custou 100 mil euros.

O presidente do município, Jorge Nunes, diz que a demolição da casa não pode ser feita se não for autorizada e classifica as declarações do advogado como \"uma atitude de chantagem sobre a Câmara\". O autarca esclareceu que o proprietário do imóvel apresentou um projecto ao município para criar uma unidade de turismo rural, \"que foi acolhido e fizemos o acompanhamento em termos técnicos\", argumentou. \"Nenhum proprietário chega a um imóvel e procede à demolição, é uma atitude ilegal, é preciso seguir os procedimentos legais\", afirmou o autarca.

José Brinquete, do PCP, diz que \"a Câmara ignora deliberadamente o facto de o edifício ter sido a casa do Abade Baçal, e ignora ter a classificação de imóvel com interesse municipal\".



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