Uma eventual decisão das autoridades espanholas sobre qualquer redução nos caudais dos rios Douro e Minho só será avaliada nos dias 1 de Junho e 1 de Julho, respectivamente, de acordo com o previsto na convenção assinada, em Albufeira, em 1998, entre Portugal e Espanha.

As reservas de água nessas duas bacias estão bastante reduzidas, de tal modo que, \"se a avaliação fosse feita nas actuais condições, os valores encontrados permitiriam aos espanhóis accionar o regime de excepção previsto no acordo\", disse, ontem,Pedro Serra, consultor do Instituto da Água (INAG) para as questões relacionadas com a Convenção de Albufeira.

O nível de água nas albufeiras espanholas encontra-se nos valores mais baixos da última década e a cerca de metade da sua capacidade, o que faz de novo levantar o espectro da redução dos caudais nos grandes rios que partilha com Portugal - Minho, Douro, Tejo e Guadiana. Numa nota divulgada ontem, o INAG dá conta de que a situação nos rios Douro e Minho é preocupante, embora esteja condicionada pela possibilidade de vir a chover até à altura da avaliação. Segundo a monitorização permanente levada a cabo pelo INAG, na bacia do Minho, ocorreram 283 milímetros de precipitação, enquanto a bacia do Douro chegou apenas aos 138,8 milímetros desde o dia 1 de Outro, a data de referência da Convenção.

Tejo e Guadiana cumprem

Nos rios Tejo e Guadiana, as coisas não estão tão complicadas. \"Neste momento, já foi feita [a 1 de Março] a verificação da ocorrência ou não do estado de excepção na bacia do Guadiana, tendo-se concluído que não haverá lugar à evocação deste regime (...), situação que é já do conhecimento das autoridades espanholas, que não colocaram quaisquer reservas ao seu cumprimento\", diz o comunicado do Instituto.

A avaliação dos caudais integrais na bacia do Tejo estão marcados, nos termos da Convenção, para o dia 1 de Abril. \"Os volumes precipitados nos primeiros meses do corrente ano hidrológico, desde 1 de Outubro de 2004 até hoje, permitem concluir que também na bacia do Tejo não será evocado o regime de excepção\", diz ainda a nota. Pedro Serra disse ao JN que esta situação não está ainda totalmente garantida. \"Estamos na expectativa\", adianta.

\"Há, neste momento, uma maior preocupação em Espanha com as questões ambientais, pelo que não deverão acontecer quaisquer problemas\", diz o mesmo responsável.



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