Assinalando o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) promove uma nova campanha de sensibilização que assenta na mensagem: "Não fique a assistir". A APAV, que presta apoio às vítimas de todos os crimes, alerta para a necessidade de não se tolerar qualquer forma de violência exercida contra as mulheres, em particular a violência doméstica.

No distrito de Bragança, o número de novos casos de violência doméstica denunciados disparou em 2014, com um aumento de 32 por cento em relação a 2013. De acordo com o Núcleo (distrital) de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, houve 182 novos casos de vítimas sinalizadas, a que se juntam as vítimas que transitam de um ano para o outro.

"A dimensão do agravamento é brutal, estamos a falar de um aumento no distrito de Bragança de 32 por cento em relação a 2013”, revelou Teresa Fernandes, psicóloga do núcleo, sublinhando que "2014 foi um ano negro em diversos aspetos ".

Só este ano, em Portugal, pelo menos 27 mulheres já perderam a vida. A maioria foi assassinada com armas brancas e de fogo, utilizadas pelos maridos ou companheiros, segundo dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), divulgados esta quarta-feira.

“Há novos casos de violência em famílias onde antes nunca tinha havido situações de violência, seja física, seja psicológica", assinala a técnica, que aponta a crise financeira como um dos principais fatores da desestabilização familiar.

 

A violência - física e psicológica - não poderá ser tolerada de forma alguma. A APAV está disponível para ajudar através da Linha de Apoio à Vítima: 116 006 (chamada gratuita).

 

"Temos muitos idosos a viver atualmente em casa de agregados familiares como forma de sustento da economia doméstica e que são afetados por esta violência dirigida no seio familiar", denuncia a psicóloga, destacando que muitos destes idosos "nunca foram vítimas de violência doméstica na conjugalidade e que o são agora, de violência perpetrada por filhos, filhas, noras, genros e netos".

Recorde-se que a ASMAB foi premiada no início do mês de outubro com 35.750 euros por um projeto destinado a combater a violência doméstica sobre idosos no distrito transmontano. Uma realidade agravada pelo isolamento e pela solidão. Sendo Bragança o sexto distrito com maior prevalência de denúncias de violência contra idosos em Portugal, a ASMAB desenvolveu uma iniciativa que procura chegar aos idosos assinalados, desenvolvendo ações preventivas em parceria com várias entidades. O projeto, que venceu o primeiro lugar do Prémio BPI Seniores, já está no terreno. A responsável pela iniciativa, Teresa Fernandes, condena veemente os maus tratos a idosos e classifica-os como “a mais atroz violência doméstica”.

Para terminar, a ASMAB convida a todos para a Gala Solidária contra a violência doméstica, que se irá realizar no dia 1 de dezembro no Teatro Municipal de Bragança e que contará com a presença de vários artistas, bem como do Conservatório de Música e Dança da cidade que acolhe a iniciativa.

 



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