Câmara Municipal de Bragança (CMB) está a enfrentar dificuldades para realojar as comunidades de etnia cigana que vivem em barracas na periferia da cidade.

Em vez de concentrar os ciganos num bairro social, a CMB pretende realojar as famílias em diversas aldeias do concelho, estando prevista a aquisição de 25 fogos para futuro restauro.

As medidas da edilidade, contudo, têm esbarrado em atitudes de rejeição por parte das populações, que não vêem com bons olhos a presença de indivíduos de etnia cigana.

O presidente da CMB, Jorge Nunes, reconhece que o Projecto de Realojamento de População Residente em Barracas (REPCIG) tem registado pouca evolução. \\"Há imóveis que já estão a ser negociados, mas, quando as populações se apercebem, começam logo as pressões sobre as Juntas de Freguesia e, mesmo, sobre os proprietários das casas\\", recorda o edil.

O projecto abrange 90 ciganos, entre os quais 47 crianças que, na maioria dos casos, não frequentam a escola.

O trabalho está a ser desenvolvido por uma equipa constituída pela autarquia, Segurança Social, Pastoral dos Ciganos da Diocese de Bragança-Miranda e Instituto de Emprego e Formação Profissional. O prazo para concluir o realojamento é de três anos, mas, se o REPCIG não avançar com mais rapidez, os objectivos não serão cumpridos.

Fracas expectativas

Jorge Nunes mostra-se optimista, mas durante as jornadas deixou escapar as suas expectativas. \\"Quem me dera poder dizer, no próximo ano, que já realojamos cinco famílias, ou até uma\\", desabafou o autarca.

Para dar conta dos problemas com que se debate o projecto de realojamento, o edil relatou um episódio que remonta a 2002. Na altura, uma família de etnia cigana tentou construir uma casa na aldeia de Castro de Avelãs, mas o empenho da CMB, da Junta de Freguesia e, até, do pároco, não conseguiu vencer a repulsa da população. \\"Não houve compreensão das pessoas\\", lamenta Jorge Nunes.

No concelho de Bragança, contudo, há casos de sucesso no que toca à integração das comunidades ciganas no meio rural. A aldeia da Sarzeda, anexa de Rebordãos, é um desses exemplos.

Segundo o pároco da freguesia, padre Bento, \\"a integração é boa, pois as famílias de etnia cigana participam nas festas da comunidade, envolvem-se nas festas, vão à missa e são uma fonte de mão-de-obra no seio duma população envelhecida\\".

Casos como estes repetem-se nas localidades de Izeda, Sortes e Carragosa, entre outras, e poderão multiplicar-se se o REPCIG chegar a bom porto. \\"O processo é longo, mas se não se resolver o problema do realojamento, dificilmente conseguiremos resolver a questão da educação dos elementos mais novos dessas famílias\\", salienta Jorge Nunes.



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