“Excesso de zelo” sobre instituições de solidariedade social da Diocese de Bragança-Miranda, as Jornadas Mundiais da Juventude e o Mosteiro Trapista foram alguns dos temas abordados no encontro informal entre Prelado e jornalistas.

 

O bispo da Diocese de Bragança-Miranda, José Cordeiro, manifestou desassossego no tradicional pequeno-almoço com a comunicação social de Bragança com o que caraterizou como “excesso de zelo do Estado na fiscalização” às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

“Partilhamos da preocupação do padre Lino Maia, o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e apelamos a um maior respeito e um conjugar de esforços de ambas as partes para a sustentabilidade destas instituições, que não são apenas questões económicas e financeiras, mas da qualidade da vida das instituições e das pessoas”, referiu o prelado, sublinhando, não obstante, que tanto a diocese como as instituições estão de acordo com as fiscalizações, mas não com o modo como as mesmas estão a ser conduzidas.

Recorde-se que a Igreja é responsável por 70 por cento das respostas sociais e, até novembro, na sua terceira visita pastoral à diocese centrada nas IPSS da Igreja, o bispo transmontano irá, ainda, visitar 14 misericórdia, 50 centros paroquiais e sociais, Cáritas e fundações para, em uníssono, clarificarem as questões que se colocam e ajudar na sua relação com o Estado.

“De facto preocupa-nos o excesso de zelo do Estado na fiscalização”, sinalizou, consciente de que existem “algumas IPSS com dificuldades, algumas de ordem económica e financeira na gestão das mesmas, na questão dos acordos com a Segurança Social”.

D. José Cordeiro defendeu, ainda, algum tipo de “diferenciação positiva no acompanhamento das IPSS que existem no interior e em territórios que carecem de ouro tipo de necessidades”, até porque, em regiões como Trás-os-Montes os valores gastos em aquecimento pelas IPSS durante o inverno são incomportáveis.

 

“As nossas expetativas são muito elevadas, porque, depois de 35 anos de JMJ, criou-se já um dinamismo e um alcance universal que é preciso acompanhar”, D. José Cordeiro

 

Sobre um outro tema, já num tom mais descontraído, D. José Cordeiro encara as próximas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que decorrerão em Lisboa no ano de 2022, como “uma feliz ousadia”, “uma oportunidade única para a renovação da pastoral juvenil”.

E, pese embora, a capital seja a cidade protagonista, a verdade é que, considera, a iniciativa irá “envolver e comprometer todas as dioceses de Portugal”, disponibilizando, desde já, a Diocese de Bragança-Miranda para acolher grupos de jovens dos mais diversos países na chamada “pré-jornada”. Um encontro que antecede a semana das JMJ e que se resume à integração dos jovens no país anfitrião.

“Queremos ser estes servidores da alegria dos jovens no mundo de hoje porque, como disse o Papa Francisco no Panamá, os jovens não são, nem o presente, nem o futuro da Igreja, são o agora da Igreja e do mundo e é preciso levar muito a sério os jovens”, sustenta o Prelado, que em conversa com os jornalistas contou algumas das situações vividas no Panamá, país que, por decisão papal, acolheu as últimas JMJ, destacando a educação e a reverência com que eram tratados pelo povo panamiano.

Lembre-se que as JMJ nasceram com o Papa João Paulo II, que sempre dedicou uma particular atenção aos mais jovens, sendo que, estes encontros, que contam sempre com a presença do Santo Padre, têm reunido milhões de fiéis por todo o mundo, para além de serem uma verdadeira bênção para a Igreja, no que à renovação do crer e do ser diz respeito.

 

“Uma feliz oportunidade para o crescimento e amadurecimento na fé e para que os jovens sejam evangelizadores dos outros jovens”, D. José Cordeiro sobre as JMJ

 

No final, D. José Cordeiro mencionou, ainda, que a construção do Mosteiro Trapista em Palaçoulo, Miranda do Douro, deverá avançar em breve, mais precisamente, ao longo dos próximos meses.

A obra, orçada em “!seis ou sete milhões de euros”, terá um prazo de execução de dois anos para a primeira fase do projeto, que corresponde a uma casa de acolhimento. Nesta altura, esperam-se respostas de algumas empresas de construção contatadas pela Diocese para avançarem com propostas de orçamento. No entanto, o Mosteiro Trapista como um todo, em princípio, só estará terminado em 2024.

 



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