Com as alterações climáticas e afastada do seu habitat natural, a castanha pode ter o seu futuro comprometido.

 

Ligados à Feira Internacional do Norte, desde a introdução da castanha no certame, em 2010, a Associação Agro-Florestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana completou, em Setembro, 17 anos de Associativismo. A ARBOREA marcou presença na 14ª edição com um expositor onde era possível contemplar as mais diversas variedades de castanha, trazidas pelas diferentes freguesias da região, e suas características. “Como associação, o nosso papel nesta feira acaba por ser um papel de promoção dos produtos locais”, comenta o responsável máximo da ARBOREA. Abel Pereira destaca que, hoje em dia, as pessoas começam a procurar mais a castanha longal. Um pormenor que considera interessante. “Não é a castanha maior, mas é a nossa”, refere. Em termos de vendas, a associação ultrapassou os números de 2014, vendendo cada quilo a três euros. E se a continuidade da participação no certame é garantida, o mesmo não se pode dizer acerca do futuro da castanha.
“A castanha passou por um processo de mediatismo tal que levou muitas pessoas a pensar que é uma cultura emergente, mas não é. A castanha na nossa região é uma cultura centenária”, afirma Abel Pereira. De acordo com o responsável, uma maior procura nos últimos anos levou a que a castanha se tornasse um produto muito valorizado. “No entanto, quando se atinge um grande pico, o setor pode começar a ter problemas”, avisa.

 

Produzir castanha, atualmente, é mais difícil e dispendioso do que há 20 anos

 

Para os próximos anos, o dirigente associativo mantém uma perspetiva otimista sobre o desenvolvimento do setor da castanha, apesar de decorrer um contra-ciclo em dois sentidos. Por um lado, a castanha deixou de estar no seu habitat natural e, por outro, as mudanças climáticas. O que, segundo o presidente da ARBOREA, obriga a que produzir castanha seja mais caro e mais difícil. “A castanha já não é uma cultura de floresta, de souto, mas antes uma cultura agrícola, praticamente de terreno, que não é a zona de conforto dela. E isso obriga a práticas culturais diferentes e é aí que começam a aparecer os problemas como pragas e doenças para as quais vamos alertando e, também, vimos trabalhando com as instituições nesse sentido”, previne o responsável associativo, acrescentando que, “para além disso, existe outro problema que são as alterações climáticas”.
Apesar de algumas preocupações no horizonte, o setor está equilibrado e as pessoas estão informadas, no entanto, Abel Pereira relembra que podem sempre acontecer alguns imprevistos e, por isso, devemos estar atentos. “Já toda a gente está a despertar para essa cultura, uma que se calhar até não tinha interesse em termos de investigação, inovação e investimento. Hoje em dia, é diferente e esta cultura está a suscitar grande interesse em todos os setores”, garante o responsável, que admite que se todos os setores se unirem, isso só vai fazer com que a cultura da castanha cresça ainda mais. Mas adverte, caso haja um desinteresse das instituições ou uma praga como, por exemplo, as vespas das galhas do castanheiro, que foi uma situação bastante complicada em países como Itália, França e Espanha, aí o cenário pode inverter-se e afundar o setor comprometendo aquele futuro risonho que todos os transmontanos esperam que se concretize.
 



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