Os agricultores de Chacim "prezam" que a sua Feira das Cebolas seja divulgada, pois consideram-na como uma das tradições mais genuínas, que ainda se mantém. Foi, por isso, com um brilho nos olhos, que um produtor pediu a "clientes certos, de todos os anos" como Palmira Morais, que veio de Vale Pereiro, Alfândega da Fé, que repetisse o que lhe dissera na abordagem para o negócio: "este ano compro-lhe seis cabos, porque ainda lá tenho cebolas das que lhe comprei no ano passado". Prova de que esta afirmação é um certificado de garantia de qualidade, alguns produtores fizeram questão de expÎr alguns cabos de cebolas da colheita do ano anterior nos atrelados dos tractores que constituíam as suas bancas de venda.

Apesar da falta de mão de obra, há cada vez mais agricultores a interessarem-se pelo cultivo da cebola, mas há também quem se aproveite desta conjuntura favorável para fazer negócios, comprando cebolas noutras regiões para as venderem na feira , como se fossem produção dos agricultores de Chacim. "A denúncia desta situação", aqui feita há uma semana, "só veio contribuir para o bom funcionamento da feira, pois prevaleceu o bom senso de, entre os intermediários, se ter conseguido o compromisso de não permitir a presença na feira de quem, no ano passado, utilizou meios de provocação, como uma aparelhagem de som a anunciar como produção local a exposição de cebolas originárias de outras regiões". Este foi um motivo para o regozijo que se verificou no final da feira, após todos terem constatado que não ficou um único cabo de cebolas por vender. Esta evidência deve ser uma situação a ponderar pelos produtores locais, devendo a mesma ser encarada como base de estudo para a possibilidade de aumentar ainda mais a área de cultivo.

Ente as 8h30 e as 14h30, a expectativa sobre os preços foi quem mais ordenou. Apesar do mar de gente que havia espalhada pelo largo da feira, no início os agricultores foram prudentes e fixaram o preço do cabo em 500$00, mas quando verificaram que a chegada de mais automóveis era prenúncio de que a procura parecia vir a exceder a oferta, aí por volta das 11h30 já havia produtores a venderem o cabo a 600$00, preço que veio a manter-se até ao final do certame. Porém, os agricultores menos pacientes ou pouco habituados a este tipo de negócio, nessa altura já tinham comercializado o produto que tinham exposto com alguns intermediários de Mirandela, que acabaram por ganhar bem o dia vendendo a 600$00 o cabo que adquiriram a 400$00. Notou-se que a motivação da generalidade dos frequentadores da feira continua a ser a de comprar a quantidade de cebolas para "o gasto anual" das suas casas.

Segundo os cálculos de alguns produtores presentes, na segunda-feira passada devem ter sido vendidos cerca de 16 mil cabos, ou seja, à volta de 80 toneladas de cebolas. Entre os compradores havia gente de praticamente todos os concelhos do distrito, sendo mais notória a presença de habituais frequentadores originários dos concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Mirandela, Mogadouro e Vimioso.



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