Membros das escassa comunidade portuguesa residente na China estão desapontados com a organização das eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), queixando- se de que desconhecem o conteúdo das propostas dos candidatos.

As urnas na Embaixada de Portugal em Pequim estarão abertas hoje, durante todo o dia, para as 94 pessoas inscritas nos serviços consulares da missão diplomática portuguesa na China exercerem o seu direito de voto, mas a afluência deverá ser mínima.

\"O nosso universo de votantes é muito pequeno e não são todos residentes em Pequim,\" referiu António Santana Carlos, embaixador de Portugal na China, à Agência Lusa.

Santana Carlos assinala, por outro lado, que \"a maioria das pessoas não conhece os candidatos das diferentes listas\".

Os membros da comunidade portuguesa residente na China votam nas listas apresentadas por Macau, que foi o único território incluído no círculo da Ásia - que abarca também Hong Kong, Japão e Tailândia -, a avançar com candidaturas para os três lugares dos 100 conselheiros do CCP, destinados à região.

Todos os detentores de passaporte português, residentes na China, de que a missão em Pequim tem conhecimento, \"foram avisados\", diz Santana Carlos, referindo que, além de notificar as pessoas e referir o nome dos candidatos, não não cabe à Embaixada \"ir mais além do que fez\".

Os nomes das pessoas que lideram as quatro listas apresentadas por Macau, apesar de serem personagens públicas no seio da comunidade lusa no antigo território português, são desconhecidos para a esmagadora maioria dos portugueses residentes no continente chinês.

\"Não recebemos elementos de campanha, se tivéssemos recebido poderíamos ter enviado\", aponta o embaixador, acrescentando que \"as listas poderiam ter feito campanha\".

Brigite Lúcio, há quatro anos a residir na capital chinesa, diz: \"se for é para votar em branco, porque não conheço as pessoas\". \"Voto em branco como forma de protesto, porque discordo com esta maneira de fazer política. Não me enviaram qualquer informação sobre os candidatos porque é que hei-de ir votar?\", protesta Brigite Lúcio, actualmente a trabalhar numa empresa alemã de logística e promoção de espectáculos.

\"Para que as coisas funcionem e as pessoas possam participar têm de saber em quem é que estão a votar. Eu não conheço os programas\", diz a antiga estudante de língua chinesa.

Dora Martins, que cumpre o terceiro ano na China, com um interregno de um ano, também está mais inclinada a não ir votar, e lamenta que as listas candidatas \"não nos tenham tentado aliciar com os seus programas\".

\"Se as eleições também passam por Pequim, devia-se tentar informar melhor as pessoas\", refere a licenciada em Relações Internacionais, actualmente a realizar estudos de pós-graduação numa das universidades de elite chinesa, a Beida.

Para Abílio Teixeira, na China há cerca de meio ano, integrado num programa da União Europeia para jovens empresários, ir às urnas na Embaixada de Portugal, caso não estivesse actualmente fora da capital, seria apenas para cumprir o seu dever cívico, já que, \"em Portugal - diz - nunca falhei nenhuma eleição\".

\"Se eu estivesse em Pequim ia votar, mas teria de escolher uma lista à sorte\", porque - diz - \"não conheço as pessoas, os cargos ou funções que desempenham, nem sei quais são os programas\".

Tal como os restantes portugueses a viver em Pequim que a Lusa contactou, Abílio também defende que \"devia haver mais informação\" sobre os candidatos do CCP pelo círculo da Ásia.



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