São já às centenas os residentes no distrito de Bragança, sobretudo nos concelhos fronteiriços, que atravessam a fronteira ao fim-de-semana para fazer compras do outro lado, em Espanha. Não são apenas os preços mais baixos dos combustíveis que atraem os transmontanos os bens alimentares, os electrodomésticos e, mais recentemente, o material de informática estão na sua lista de compras.

Não é de estranhar esta demanda aos hipermercados de Zamora, quando uma embalagem de 16 iogurtes naturais da Danone custa 1,69 euros em Espanha, e numa grande superfície de Bragança, se paga 1,39 euros... mas apenas por quatro iogurtes naturais da mesma marca, como confirmou o JN. Os produtos de higiene pessoal e de limpeza, as bebidas alcoólicas, as guloseimas e carne de porco são outros bens que enchem os carrinhos dos habitantes da raia.

Enquanto uma caixa de Skip 56 doses custa, em Espanha, 9,10 euros, em Bragança chega aos 14,89 euros. Um CD da cantora de origem portuguesa Nelly Furtado custa em Zamora 5,99 euros, mas deste lado da fronteira chega aos 15 euros.

São diferenças como esta que levam muitos a fazer uma viagem de mais de 80 quilómetros, para cada lado, entre Bragança e Zamora, para poupar alguns euros ao final do mês. E aproveitam, na viagem, para atestar o depósito do automóvel, tentando assim contornar as dificuldades de gestão do orçamento familiar.

Ana Lopes, casada, mãe de dois filhos, disse, ao JN, que consegue poupar cerca de 100 euros por mês fazendo compras do outro lado da fronteira.

Cliente desejado

A administração do Eroski, a maior superfície comercial de Zamora, tem na mira o potencial deste filão, que pode crescer se o os preços dos combustíveis continuarem a subir em Portugal. Angel Aguilar, responsável pelo sector da Publicidade no Eroski, reconhece que o número de clientes portugueses está em franco aumento. Não têm números certos, mas sabem que já têm um peso no volume de negócios e que fazem compras sobretudo aos sábados e nos feriados.

O Eroski já faz publicidade numa rádio local de Bragança, mas quer reforçar a sua posição nos jornais de maior tiragem, de preferência em diários, \"porque desse lado há um mercado interessante que é possível atrair\" diz aquele responsável. Glória Lopes

Funcionários portugueses na gasolina

O posto de abastecimento de combustíveis espanhol mais próximo da fronteira, a pouco mais de 20 quilómetros de Bragança, tem 90% de clientes portugueses. E metade dos 10 funcionários também são portugueses, porque \"facilita o negócio\", contou Fátima Margarido, funcionária da gasolineira residente em Caravela, Bragança. A gasolina sem chumbo 95 custa ali 0,99 euros (1,292 euros em Bragança), a gasolina sem chumbo 98 custa 1,10 euros, contra 1,427 euros e o gasóleo custa 0,91 euros, quando em Bragança chega aos 1,033 euros. Com cartão de cliente, reduzem mais dois cêntimos. Motivos que fazem com que cada vez mais portugueses queiram o cartão. Fátima Margarido atesta que não são só os particulares que enchem o depósito \"São cada vez mais as empresas que vêm abastecer e a maioria das pessoas vem de propósito\".



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