Matou a mulher agredindo-a com uma garrafa na cabeça, após uma discussão.

Vestiu o pijama e foi dormir. De manhã, entregou-se. Diz que não se lembra do crime. Responde por homicídio no Tribunal de Bragança.

As discussões entre o casal de Coelhoso, em Bragança, eram frequentes e a doença de Alzheimer de que sofria José Gonçalves, 77 anos, veio piorar a situação. Em agosto do ano passado, o casal, emigrado em França, tinha regressado a Portugal para passar as férias, que acabaram em tragédia. Numa noite, Zilda, 72 anos, foi atingida com um garrafa de rum Bacardi na cabeça. A mulher ficou prostrada na cozinha e foi encontrada já morta.

O Ministério Público acusa de homicídio qualificado o idoso, que, após a agressão fatal, abandonou a mulher e foi para o quarto. Ali, vestiu o pijama e deitou-se, perto do cadáver da companheira, com quem esteve casado durante cerca de 50 anos.

De manhã, o homem vestiu um fato domingueiro e saiu à rua, onde contou aos vizinhos o crime que tinha cometido. Ninguém queria acreditar, mas quando o homem disse que se ia matar, chamaram a GNR.

Na altura em que tudo aconteceu, vizinhos e familiares garantiram ao JN que o casal tinha uma relação \"difícil\". \"Era mau para a mulher, uma santa que cuidava dele, apesar da doença\", disse nesse dia Eugénia, uma prima.

A população de Coelhoso ficou revoltada, até porque, nos últimos dias, a vítima dizia que estava com mais receio do marido.

José, que andaria a tomar escrupulosamente a medicação, foi detido por inspetores da Polícia Judiciária de Vila Real. No interrogatório, não respondeu a muitas perguntas e não chegou a mostrar arrependimento. Já quando foi ouvido no tribunal o septuagenário disse que já não se lembrava de nada do que tinha feito. Na altura, as autoridades decidiram prendê-lo.

O homem está agora no hospital-prisão de Caxias. Continuou sempre sem esclarecer os motivos do crime e revelando pouca memória desse dia.

O estado mental do arguido, que começa a ser julgado no início do mês de julho, até pode levar os juízes a considerar José como inimputável. Mas o certo é que o quadro em que a vítima foi encontrada assim como o historial de violência doméstica levaram para já os magistrados a considerá-lo apto para ser julgado como qualquer cidadão.



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