António Jorge Nunes, 55 anos, natural de Refóios, concelho de Bragança. Licenciado em Engenharia Civil, com mestrado em Construção de Edifícios. Trabalhou na Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, esteve ligado a várias empresas privadas, foi professor convidado do Instituto Politécnico de Bragança. Entrou para os quadros da Câmara Municipal de Bragança em 1987. Eleito pelo PSD, é presidente da Câmara desde 1997.

JN |Que balanço faz destes dois anos de mandato?

António Jorge Nunes| O balanço é positivo. Os munícipes apreciam os resultados da actividade municipal e confiam na acção da Câmara. Trata-se da continuação de um projecto. Bragança é agora uma das cidades do país com mais qualidade para viver e trabalhar, situação reconhecida num inquérito feito pela Proteste. O poder de compra cresceu. Numa década, Bragança subiu de 80,37% da média nacional para 100,98%, ocupando a 6.ª posição de entre os 85 concelhos da Zona Norte. No ano de 2005, o concelho de Bragança foi responsável por 40% das exportações dos 15 municípios de Trás-os-Montes. As empresas criaram centenas de novos empregos, cada vez mais qualificados, tendo a Câmara contribuído directa e indirectamente. O crescimento urbano e a gestão urbanística são uma marca de qualidade. Segundo dados do INE, entre as capitais de distrito, o orçamento municipal de Bragança é dos que menos dependem dos impostos da construção civil. Isto é o resultado de uma política urbana de qualidade. Nos anos de 2003 e 2004, Bragança colocou-se no pelotão dos 10% de municípios do país que mais investiram, passando para uma posição mais competitiva. O património do município evoluiu imenso, enquanto a dívida global é significativamente mais baixa do que há 10 anos.

Está a cumprir o seu terceiro mandato, em que fase está do projecto que delineou?

O projecto que inicialmente desenhei para Bragança está em muitos aspectos concretizado. No entanto, em vida, o meu sonho para Bragança nunca terminará. Temos vontade de impulsionar e de executar novos projectos.

Quais estão em falta?

Há um conjunto de projectos relevantes. Saliento transformação do aeródromo municipal em aeroporto regional; a criação de uma parceria público-privada para a construção e exploração do Centro de Investigação Inovação e Acolhimento Empresarial; apoiar e participar na instalação de parques eólicos nas serra de Nogueira e de Montesinho; a construção da barragem de Veiguinhas; executar projectos de restruturação da rede escolar; concluir equipamentos na área da saúde e do lazer (parque urbano da Trajinha); melhorar as infra-estruturas desportivas; projectos associados à construção da circular urbana; duplicação e remodelação de duas avenidas e construção de ciclovias; evoluir na política de habitação social; finalizar o Plano de Urbanização e a revisão do Plano Director Municipal.

Duas das suas principais bandeiras, a barragem de Veiguinhas e a transformação do Instituto Politécnico de Bragança em universidade continuam adiadas «sine die». No final do mandato, como vai justificar aos brigantinos este impasse?

A construção de Veiguinhas é urgente e inevitável. Todas as possíveis alternativas foram já estudadas e todas são económica e ambientalmente piores. A barragem não está ainda feita por atraso e irracionalidade de alguns técnicos que, tantas vezes, se colocam ilegitimamente acima dos titulares dos órgãos de soberania, contrariando as políticas ambientais e energéticas definidas para o país. Sobre o IPB, a ideia de criar uma instituição universitária em Bragança, tendo presente a realidade existente, mantém-se.

O Executivo municipal é acusado de gastar muito dinheiro na construção e dinamização de espaços culturais. Que depois são para uma minoria…

Há uma década, Bragança era um deserto em termos culturais. Hoje, com a construção de equipamentos culturais de referência como a Biblioteca Municipal; o Teatro Municipal; o Conservatório de Música; o Museu Ibérico da Máscara; o Centro Ciência Viva e o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais assume-se como uma âncora em termos culturais na região. A cultura é também uma oportunidade em termos económicos e de afirmação da cidade.

Qual é o aspecto mais positivo do seu mandato?

Para os cidadãos será mais evidente a abertura de novos equipamentos. No entanto, considero que os estudos relativos à consolidação de uma estratégia de gestão municipal associada à qualidade, tendo em vista a sustentabilidade e o conceito eco, serão o aspecto que mais poderá marcar o percurso de Bragança no futuro, como cidade competitiva e inovadora.

Sentiu-se enganado quando soube que a A4 terá portagens junto a Bragança?

Não fiquei com sentimento de ter sido enganado, mas fiquei com o sentimento de que há diferença, e grandes, entre o que é a vontade do primeiro-ministro expressa publicamente e aquilo que a Estradas de Portugal enviou para publicação. Os titulares de órgãos de soberania não podem enviar mensagens erradas para os cidadãos, sob pena de descredibilizarem a política pública.



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