Os bombeiros do Distrito de Bragança vão experimentar, na próxima época de incêndios, um sistema inovador, anunciado hoje como capaz de evitar acidentes como o que vitimou cinco chilenos, em Julho de 2006.

As vítimas ficaram encurraladas nas chamas quando combatiam um incêndio na zona da Guarda e foram surpreendidas pela alteração das condições no teatro de operações.

As corporações de Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros vão utilizar, este Verão, dispositivos de localização e gestão de meios que podem ajudar a prevenir este tipo de situações.

Segundo os responsáveis pelo projecto, estes dispositivos vão disponibilizar toda a informação sobre o que se passa no terreno a quem coordena as operações.

O sistema será experimentado nos incêndios florestais, a partir de Julho, mas é aplicável a qualquer catástrofe ou intervenção da Protecção Civil.

O sistema está a ser desenvolvido no âmbito do projecto \"Riscos Naturais e Tecnológicos\" e está a ser concebido por uma empresa portuguesa, a Geoglobal, que pretende lançá-lo no mercado nacional e internacional.

Segundo os responsáveis Luís Cabral e Miguel Santos, a novidade deste sistema é articular as diferentes tecnologias já disponíveis no mercado.

Mais de uma centena de viaturas das três corporações começaram hoje a ser equipadas com uma \"caixa negra\", que disponibilizará informação sobre o percurso e localização.

Da mesma forma, serão distribuídos cerca de 70 localizadores pelos chefes de equipa, que normalmente acompanham um grupo de cinco bombeiros.

Estes localizadores dispõem de um alarme que poderá ser accionado em caso de problemas com os elementos.

As corporações vão ser dotadas também de 31 mini-computadores, que servirão para enviar informação a quem coordena as operações na base e vice-versa.

A maior vantagem apontada ao sistema é que funciona \"on-line\", em tempo real, enviando para a base da Protecção Civil municipal informação, incluindo visual, do que se passa no terreno.

Quem está a coordenar define as acções e envia as coordenadas para o terreno, da mesma forma.

O sistema disponibiliza ainda informação cartográfica, incluindo das situações de risco, nomeadamente sobre a proximidade de materiais inflamáveis, como postos de combustíveis.

Disponibiliza também outro tipo de informação como o declive do terreno e, futuramente, os responsáveis pretendem adicionar outros elementos como as condições meteorológicas.

O sistema está a ser desenvolvido no âmbito de um projecto financiado pelo programa comunitário de apoio às regiões fronteiriças, o Interreg.

Os municípios transontanos têm como parceira a junta de Castela e Leão para conseguirem de Bruxelas quase um milhão dos 1,3 milhões de euros necessários para este projecto.

A única preocupação dos responsáveis prende-se com as comunicações, já que o sistema é suportado por uma operadora móvel, a Vodafone.

O vice-presidente da Câmara de Bragança, Rui Caseiro, reconhece que, na Região, existem muitas \"zonas sombra\" em termos de cobertura de rede.

Exemplo disso é o Parque Natural de Montesinho, uma das áreas naturais mais visitadas, onde não há praticamente rede móvel.

A proximidade com a fronteira leva também a que muitas vezes entrem nos aparelhos portugueses as redes espanholas

Os dois elementos da Geoglobal garantem que a operadora escolhida para parceira é a que apresenta menos problemas nesta matéria.

A fase de experimentação das comunicações será a mais demorada e só depois de testadas será possível saber das reais condições e aperfeiçoar o sistema, afirmaram os responsáveis.



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