O Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME) alertou hoje para as \\"dificuldades que podem afectar a operacionalidade\\" do ramo devido às restrições orçamentais e deu como exemplo a suspensão do recrutamento de efectivos.

O discurso do general Pinto Ramalho no encerramento das Comemorações do Dia do Exército, em Bragança, foi marcado pelos efeitos da crise e por apelos aos decisores políticos para «serem encontradas soluções que não afectem definitivamente a operacionalidade» deste ramo das Forças Armadas.

\\"O Exército é um participante activo deste processo de contenção, de redução de despesa e de rigor orçamental, mas tem o dever de alertar para a necessidade de serem encontradas soluções que não afectam definitivamente a operacionalidade do ramo e a coerência das opções já tomadas no domínio do reequipamento, quer em termos do sistema de forças terrestres, quer comparativamente com os outros ramos\\", declarou.

O Chefe de Estado-Maior do Exército apontou as dificuldades que já sentem \\"na área de pessoal e que estão directamente ligadas à suspensão do recrutamento de efectivos, em voluntários e contratados, com evidentes repercussões nas capacidades e disponibilidades das unidades\\".

Defendeu que \\"é indispensável à modernização do exercito a concretização dos projectos estruturantes, designadamente as Pandur (viaturas blindadas) e o projecto dos helicópteros médios NH90, rentabilizando também os investimentos já efectuados\\".

Pinto Ramalho reclamou ainda o \\"normal desenvolvimento de carreiras\\", considerando \\"as promoções indispensáveis à materialização da função de responsabilidade hierárquica que asseguram a coesão e disciplina, garantindo a eficiência e eficácia do sistema de forças do Exercito\\".

O Chefe de Estado Maior reiterou que os militares compreendem as \\"circunstâncias complexas\\" que o país vive, \\"mas não podem ser ignoradas as implicações para as missões atribuídas que decorrem dos constrangimentos de ordem financeira, de funcionamento, de reequipamento, de conservação e manutenção de equipamentos e infraestruturas\\".

Para Pinto Ramalho, \\"mais do que afirmações públicas de louvor, importa as acções concretas políticas, legislativas e financeiras\\" e \\"só o seu reequipamento (do Exército), o ensino, a saúde e os recurso materiais, financeiros e humanos atribuídos concretizam e materializam o efectivo reconhecimento da importância e compreensão pela missão da instituição militar\\".

O ministro da Defesa, Aguiar-Branco, reconheceu, em declarações aos jornalistas, que \\"é evidente que há cortes em todos os sectores\\", mas garantiu que as missões dos militares continuarão a ser desempenhadas\\", apesar do necessário \\"equilíbrio\\".

Já antes, no discurso durante as cerimónias do Dia do Exército, Aguiar Branco, dirigiu-se aos militares dizendo: \\"ainda que não vos seja feita justiça, sei que serão capazes de mais um sacrifício que não vem escrito em qualquer orçamento: prezar o legado\\".

\\"Sei que os soldados da República saberão prezar a democracia. Este Governo, este ministro pede sacrifícios às suas tropas mas não as abandona\\", afirmou.



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Professor de Educação Musical

«Vivemos em democracia»