As vindimas no Douro estão atrasadas cerca de uma semana a 10 dias devido à primavera fria que se refletiu negativamente no crescimento da videira, mas prevê-se para este ano um ligeiro aumento na produção.

Em 2013, o corte das uvas na mais antiga região demarcada do mundo está a iniciar-se um pouco mais tarde comparativamente com o ano passado, e os enólogos e responsáveis pela área vitivinícola justificam este facto com as baixas temperaturas que se sentiram em abril e maio e atrasaram o ciclo vegetativo da videira.

Pelas vinhas vão-se fazendo, neste momento, os controlos de maturação e provas de bagos, enquanto todas as atenções estão centradas na meteorologia que pode, ainda, condicionar todo o processo.

"A chuva poderá baralhar tudo, pode atrasar tudo", afirmou hoje à agência Lusa Rui Soares, da Real Companhia Velha (RCV).

O engenheiro agrónomo referiu que a RCV deverá começar a vindimar as uvas brancas no final desta semana, prevendo colher algumas tintas, nas zonas mais quentes e precoces da região do Cima Corgo, na próxima semana.

A Quinta de Ervamoira, da empresa Ramos Pinto, localizada no Douro Superior, é a que normalmente dá o arranque ao corte das uvas por estar situada numa zona mais quente.

A enóloga Teresa Ameztoy disse que, este ano, se verificou um atraso na vindima nos brancos de cerca de duas semanas. Ali já se cortaram estas uvas e, para semana, deverão começar a vindimar os tintos.

Um pouco ao lado, o enólogo Eduardo Ferreira, que trabalha para as quintas da Sequeira (Vila Nova de Foz CÎa) e a de Vale da Aldeia (Meda), referiu que se está a preparar para colher a uvas para os espumantes.

Por ali o atraso na vinha ronda a "semana e meia". Para este enólogo é importante agora que não venham as chuvas pois, acredita, que poderiam atrasar o processo de maturação principalmente das uvas tintas. "Aqui vamos começar a vindimar os tintos só em outubro".

A Lavradores de Feitoria junta 18 quintas espalhadas por toda a região demarcada, desde o Baixo Corgo ao Douro Superior.

Por sua vez, o enólogo Paulo Ruão fala num atraso 10 dias, que pode, na sua opinião, "ser recuperado" se entretanto chover, porque a temperatura "arrefece e a maturação equilibra e vamos ganhar frescura".

De acordo com as previsões da Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), sediada no Peso da Régua, a produção de vinho no Douro deverá rondar entre as 233 mil e as 253 mil pipas, valores superiores à produção declarada no ano passado, de 218 mil pipas.

Rui Soares estima um "ligeiro aumento", de cerca de 10 a 15%, na colheita deste ano, comparativamente com 2012. "Em termos de qualidade parece tudo ótimo. As uvas sanitariamente estão excelentes e a maturação está a correr bem".

Também o enólogo Eduardo Ferreira perspetiva um aumento da produção na ordem dos "cinco a 10%"nas suas quintas.

O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) fixou em 100.000 o número de pipas (550 litros cada) a beneficiar nesta vindima (quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto).

Em 2012, foram produzidas 96.500 pipas de vinho do Porto na mais antiga região demarcada do mundo.



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