As vendas de vinho do Porto no Brasil registraram queda de 25% em quantidade e de 29% no faturamento de 2002 na comparação com ano anterior, segundo dados do Instituto do Vinho do Porto, de Portugal.

As vendas para o mercado nacional somaram 55 mil caixas, totalizando 2,4 milhões de euros.

A forte desvalorização do real frente ao dólar foi o principal fator para a retração nas vendas do tradicional vinho do Porto, que tem no Brasil seu 12º mercado de comercialização, afirma Carlos Soares, do Serviço de Comunicação e Marketing do instituto. Uma posição que tem se mantido nos últimos quatro anos.

O IVP é responsável pela emissão do selo de garantia e o certificado de denominação de origem \"Porto\" concedido às vinícolas.

A estratégia para o mercado brasileiro, segundo Soares, é trabalhar ações promocionais que estimulem o consumo de vinhos das categorias especiais, de melhor qualidade, como o Vintage ou L.B.V., mais caros em virtude de todo o seu processo de produção.

\"Há potencial de demanda para essas categorias de vinho e vamos focar nessa direção\", disse Soares ao acrescentar que a importância do mercado brasileiro pode ser verificada no investimento promocional realizado.

\"Gastamos mais em promoção no Brasil do que na França, o maior mercado consumidor\". Para este ano, deverão ser investidos US$ 36 mil em ações de marketing no Brasil.

Dentro desse trabalho, na próxima segunda-feira, dia 12, ocorre em Curitiba (PR), uma prova de degustação promovida pelo IVP, em parceria com entidades brasileiras e importadoras, para a qual foram convidados cerca de 800 pessoas.

Outro evento já marcado é no Rio de Janeiro, em 10 de setembro, dia internacional do vinho do Porto. São ações promocionais que visam também, segundo Soares, mostrar a versatilidade da bebida proveniente das vinhas da região demarcada do Douro, ao norte de Portugal.

\"Queremos mostrar que pode ser tomado em várias ocasiões, como um aperitivo, acompanhando a entrada e não apenas ao final da refeição ou com a sobremesa\", afirma Soares, que responde pelos mercados do Brasil e Portugal.

Ele ainda não tem dados sobre os pedidos de compras neste ano das importadoras brasileiras, feitos entre maio e junho. Mas a expectativa está ligada diretamente à estabilização da variação cambial.

De acordo com estudo da unidade brasileira do Icep - Investimento, Comércio e Turismo, órgão do governo português que tem, entre suas atribuições, a promoção de produtos daquele país no mercado internacional, as exportações portuguesas de vinhos, em geral, registraram em 2002 uma acentuada queda de 38% na comparação com 2001.

Passaram de US$ 13,7 milhões para US$ 8,5 milhões no ano passado.

Portugal perdeu posição no ranking dos principais fornecedores de vinhos para o Brasil, passando da 2º posição em 2001 para a terceira, ultrapassado pela Itália e Chile, que se tornou o principal fornecedor para os consumidores brasileiros.

Enquanto a cota portuguesa caiu de 21,75% para 17,07%, a chilena ampliou de 17,61% para 23,23% nesse período.

O Chile, destaca o estudo, se beneficia ao lado da Argentina (que integra o Mercosul), de condições de mercado amplamente mais favoráveis que países europeus, em virtude de isenções ou reduções das taxas aduaneiras (Argentina é 0% e Chile é 10%).

Já o vinho português, francês, espanhol ou italiano sofre encargos da ordem de 70% para entrar no país.



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Instituto do Vinho do Porto quer aquecer vendas no Brasil