A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, anunciou apoios de 55 milhões de euros a fundo perdido para a ciência e empresas encerradas que queiram reconverter a produção para material necessário ao combate à covid-19.

Os apoios dividem-se em duas linhas, como explicou a ministra à Lusa, uma de 20 milhões de euros destinada a instituições científicas para o desenvolvimento de tratamentos, vacinas ou tecnologia, e a outra de 35 milhões de euros para as empresas reconverterem a produção.

Ana Abrunhosa considera que esta é uma oportunidade para empresas que tenham encerrado devido à pandemia ou reduzido a atividade e salienta que o país precisa que “as empresas portuguesas façam máscaras, zaragatoas, batas, equipamento de proteção individual, que estão a ser fundamentais para os profissionais de saúde e para todos os profissionais que têm contactos de maior risco".

“Isto vai ser importante para estas empresas, porque, de facto, diversificam a atividade económica. Em vez de estarem totalmente fechadas, podem reabrir parcialmente e estes apoios, no valor de cerca de 50 milhões de euros são a fundo perdido”, considerou.

Ana Abrunhosa ressalvou que “são apoios para um período transitório”, mas acredita que “quer o conhecimento que se vai gerar quer este redirecionamento das empresas para outras atividades vai perdurar no tempo, porque se vão tornar mais resilientes, até no período da retoma”.

A ministra lembrou que o material que agora é necessário para a prevenção e combate, muito do qual está a ser importado, vai ser também fundamental quando a população começar a sair desta fase de confinamento.

“Enquanto não houver vacina ou um tratamento muito eficaz, naturalmente que vamos continuar a ter cuidados com os nosso comportamentos e com a forma como nos relacionados socialmente”, sustentou.

A governante insistiu na oportunidade que estes apoios são para que as empresas, “que até estão paradas, possam retomar parte da sua atividade” e deu o exemplo do setor do calçado - mas também das gaspeadeiras, que “podem trabalhar algumas até a partir de casa” - dos têxteis e outros setores.

Estas medidas são articuladas com outros ministérios, nomeadamente o da Ciência e Ensino Superior, que está a mobilizar universidades e politécnicos do país no apoio à realização de testes e produção de equipamento.

A ministra falava à margem de uma visita a Bragança junto com os ministros da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.

Nesta cidade visitaram o Instituto Politécnico de Bragança que passa a fazer os testes à covid-19 em lares de idosos e à população em geral, assim como a Factoryplay, empresa responsável pelo fabrico de tendas insufláveis e de alumínio cedidas solidariamente ao Centro de Testes COVID e a Comandos Distritais da Proteção Civil por todo o país.

Os ministros visitaram depois, em Vila Nova de Famalicão, outra empresa, a Hidrofer, que adaptou a sua atividade de produção de cotonetes às necessidades atuais, e está agora a desenvolver a produção de zaragatoas, instrumento com que é feita a recolha no nariz do material biológico para a realização de testes de diagnóstico covid-19.

A produção passa a ser feita numa parceria que envolve o Algarve Biomedical Center, o Instituto Superior Técnico e a HIDROFER S.A., em Braga, formando-se uma parceria entre estas instituições.

A HIDROFER produz as zaragatoas, o Instituto Superior Técnico irá realizar a esterilização das mesmas e o Algarve Biomedical Center produzirá e disponibilizará o líquido de transporte necessário para colocar a zaragatoa após a sua colheita.

Desta forma, segundo o Governo, “Portugal passa a dispor de uma capacidade de produção de zaragatoas superior a 50.000 unidades por dia, suficiente para as atuais necessidades”.



PARTILHAR:

DGS impede a divulgação dos boletins diários do Covid-19 pela USP

Filandorra Teatro avança para 'lay-off' e queixa-se de falta de apoio