O secretário de Estado para a Juventude de cabo Verde, Carlos Monteiro, considerou hoje “inadmissível” que continue a haver estudantes da lusofonia impedidos de se deslocar para Portugal por atrasos nos vistos.

O governante participou, em Bragança, no encontro de jovens cabo-verdianos a estudarem em Portugal, a quem pediu que abracem esta causa e pressionem os políticos a adotar as soluções que já deviam ter sido encontradas para o problema.

“Porque não é admissível que à entrada do ano 2020 continuemos a ter estudantes lusófonos com vagas atribuídas por instituições de ensino lusófonas e que não conseguem deslocar-se de um país para o outro para ter a sua formação”, afirmou.

O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) é o anfitrião do encontro e acolhe 1.200 estudantes cabo-verdianos, a maior comunidade dos cerca de três mil estudantes estrangeiros de 70 nacionalidades que frequentam a instituição.

O presidente do IPB, Orlando Rodrigues, corroborou que está à espera de “mais de 400 alunos internacionais”, a maioria de países lusófonos como Cabo Verde que, quase no final do primeiro semestre, ainda não conseguiram viajar para Bragança.

O número equivale a “mais de metade” do total dos vistos pedidos para o politécnico de Bragança com toda a documentação confirmada e pagamento de taxas e da primeira mensalidade das propinas.

“Na questão dos vistos continuamos com muito problemas, apesar do novo regime especial para facilitar de vistos para estudantes, mas o que acontece na prática é que as embaixadas, ou por problemas de recursos humanos ou por procedimentos demorados, não têm cumprido essa legislação e continuam a criar grandes entraves à concessão dos vistos em tempo oportuno”, concretizou.

O ministro português do Ensino Superior, Manuel Heitor, ouviu as queixas e respondeu que se trata de “questões muito complexas porque foram detetados muitos casos de fraude noutras zonas do país, como falsificação de documentos”

“Claro que nós temos interesse em atrair jovens para Portugal, nomeadamente para zonas como Bragança, mas ao mesmo tempo tem de ser feito com toda a seriedade este processo e os recursos são sempre finitos porque há provas que têm de ser resolvidas”, indicou.

O ministro garantiu que “o sistema está mobilizado, a articulação quer das entidades ligada sãos Negócios Estrangeiros quer da Administração interna têm feito um esforço adicional para flexibilizar, mas os processos têm de ser vistos e revistos porque houve fraudes no passado e têm de ser identificados e eliminados aqueles que têm fraude”.

Portugal é o país com a maior comunidade de estudantes cabo-verdianos, segundo indicou Celecina Lima, conselheira da Embaixada de Cabo Verde, que coordena o departamento de estudantes.

A embaixada estima que o número ronda os “7.500” e está a recolher informação junto dos estabelecimentos de ensino superior para poder elaborar uma base de dados e saber ao certo quanto estudantes cabo-verdianos estão em Portugal.

Bragança é a terceira “ilha” de cabo-verdianos em Portugal, a seguir a Lisboa e Porto, como diz Maribel Brito, presidente do encontro que junta algumas centenas de estudantes hoje e sábado na cidade transmontana.

O encontro começou com um fórum sobre o contributo e o regresso destes estudantes qualificados ao país de origem.

O secretário de Estado para a Juventude de Cabo Verde realçou que a preocupação do Governo é criar “condições para que os jovens tenham acesso a uma formação de qualidade”.

“Apôs a formação eles estarão preparados para serem competitivos no mercado de trabalho a nível global, porque acreditamos que onde quer que eles estejam a trabalhar podem contribuir para o desenvolvimento do país”, considerou.

Alguns dos jovens cabo-verdianos regressam depois de concluir a formação e outros ficam em Bragança, o que é encarado como positivo pelo presidente do politécnico para combater o despovoamento e dar resposta à procura de quadros em particular nas áreas das Tecnologias da Informação e Turismo.

“Nós precisamos de atrair gente, todas as empresas que procuram localizar-se em Bragança, uma das primeiras instituições que contactam é o politécnico perguntando quantos pessoas forma e tentando perceber quantas pessoas conseguimos colocar no mercado de trabalho”, afirmou.



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