O bispo José Cordeiros despediu-se hoje “com gratidão e saudade” de uma década à frente da diocese de Bragança-Miranda e deixou uma saudação a Braga onde iniciará nova missão como arcebispo.

Em duas mensagem publicadas na página pessoal do Facebook, José Cordeiro dirige a primeira aos diocesanos, dando conta que acolhe “com fé humilde a nomeação para a missão que o papa Francisco” lhe confia, na Arquidiocese de Braga.

“Sinto um misto de gratidão e saudade”, escreve José Cordeiro, que se prepara para, como descreve, “peregrinar até Braga”, onde nasceu a diocese de Bragança-Miranda, em 1545, e se reconfigurou em 1881.

José Cordeiro cita o escritor transmontano Miguel Torga com a frase “Nasci povo, povo continuo e povo quero morrer”, para a seguir agradecer a todos que o acompanharam na missão à frente da diocese de Bragança-Miranda, desde autoridades eclesiásticas a civis.

“Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é que é a vossa força”, remata, pedindo para que “em breve Deus conceda a Bragança-Miranda um novo bispo”.

José Cordeiro despede-se com um “até sempre” nesta mensagem dedicada à diocese de Bragança, que antecedeu uma segunda publicação de saudação à Arquidiocese de Bragança.

“O desafio é grande”, escreve José Cordeiro, sustentando que “a Igreja presente em Braga peregrina há muitos séculos com enormes rasgos de santidade, o rosto mais belo da Igreja e, ao mesmo tempo, com inúmeras estruturas geográficas, culturais, pastorais e antropológicas”.

O novo arcebispo diz-se encorajado pelo “dom de tantos homens e mulheres” que fizeram “a longa história da Arquidiocese de Braga” e quer uma Igreja “de portas abertas para todos”.

Saúda o antecessor Jorge Ortiga e deixa “uma saudação amiga aos jovens, em especial aos que estão nos seminários e casas de formação e outros lugares onde buscam, na gramática do amor, os vários caminhos para Jesus Cristo”.

Jose Cordeiro espera também contar com todos “na concretização de uma Igreja de proximidade, compaixão e ternura” e com a cooperação de toda a sociedade “em ordem ao bem comum, à dignidade das pessoas, à fraternidade e amizade social”.

“Este é um tempo para agradecer o passado, renovar o presente, bem como sonhar e desenhar o futuro. A todos convido a servir sempre mais e melhor, com amor, humanidade e humildade”, conclui.

José Manuel Garcia Cordeiro tornou-se no 44.º bispo da diocese de Bragança-Miranda a 02 de outubro de 2011 e no mais jovem bispo de Portugal, aos 44 anos, ao ser titular da diocese de origem.

Atualmente com 54 anos, é natural de Parada, uma aldeia do concelho de Alfândega da Fé, no distrito de Bragança.

Foi ordenado padre em 1991 e foi vice-reitor e reitor do Pontifício Colégio Português, em Roma, até ser nomeado bispo de Bragança-Miranda.

Durante uma década, reestruturou a diocese, nomeadamente ao nível do funcionamento das paróquias e do funcionamento das instituições sociais da Igreja.

Visitou todas as paróquias e foi, sobretudo nos primeiros anos nas funções, uma voz ativa no alerta para problema sociais como o abandono e isolamento dos idosos e o despovoamento do Nordeste Transmontano.

A boa disposição é uma característica de José Cordeiro, que apostou sempre na mobilização dos jovens, com os quais já lidado de perto, nomeadamente durante os anos em que foi pároco em Bragança e capelão do Instituto Politécnico.

Fica também conhecido como “o bispo da Internet” pelo uso que tem feito das novas tecnologias para divulgação e aproximação à população.

José Cordeiro fará também parte da história da polémica nova catedral de Bragança, que começou a ser construída praticamente quando foi nomeado padre.

Como bispo foi ordenado na única catedral construída no século XX e que herdou inacabada e com uma fatura de cinco milhões de euros que conseguiu liquidar.



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