A presidente da Câmara de Alfândega da Fé, Berta Nunes, denunciou hoje que continuam por resolver «problemas graves» que afetam o acesso da população à saúde, no Nordeste Transmontano, como o transporte de doentes.

Há quase um ano que os autarcas do Distrito de Bragança têm assumido posições conjuntas contra perda de valências e assistência na saúde às populações com pedidos sucessivos para serem recebidos pela tutela sem sucesso, segundo disse à Lusa.

«Ninguém nos ouve, ninguém vem cá e nós temos aqui problemas, no dia-a-dia, graves das pessoas», afirmou a autarca socialista.

Apesar das novas estradas, as distâncias continuam a ser o principal problema apontado numa região onde o principal hospital está a cem quilómetros de parte da população.

A retirado do helicóptero do INEM, a partir de 01 de outubro é um dos problemas que une os autarcas, que vão avançar, sexta-feira, com uma providência cautelar para travar a decisão, mas, segundo Berta Nunes, «há mais problemas para resolver».

Os doentes urgentes fazem parte das preocupações dos eleitos locais, que alegam que «continuam a ser despejados nos hospitais sem ninguém querer saber como regressam a casa.

«Se as ambulâncias do INEM não podem esperar, alguém tem de resolver o problema», reivindicou a autarca, apontando como exemplo os 70 euros que doente do seu concelho terá de pagar de táxi se for transportado de emergência para Bragança, por falta de transportes públicos.

Berta Nunes defende que «não se podem tomar decisões atrás de uma secretária, olhando para os números sem conhecer as realidades».

«Ninguém nos ouve, ninguém vem cá, apesar das nossas posições públicas e dos nossos pedidos de reuniões», afirmou.

A mesma opinião tem Aires Ferreira, presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, um dos municípios mais afastados da capital de distrito e que acusa o Ministério da Saúde de «autismo».

Segundo disse à Lusa, pediu «em janeiro uma reunião ao ministro da saúde, em fevereiro foi comunicado que tinha sido delegado no secretário de Estado adjunto» e recebeu agora uma comunicação para «uma reunião marcada para 20 de setembro».

O autarca socialista considerou que «há situações que são um autêntico absurdo» na saúde, nesta região.

Aires Ferreira contou o caso de uma doente de Torre de Moncorvo que, no mês de fevereiro, foi atendida com um problema neurológico no centro de saúde local.

Segundo disse, o médico que assistiu presencialmente pediu ao CODU, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM que fosse transportado para o hospital de Mirandela.

«O médico do INEM contrariou a indicação, enviou a doente para a urgência básica de Foz CÎa, daí acabou por ser transferida para Mirandela, mas como a neurologia encerrava às 22:00 teve de seguir para Bragança, onde chegou já perto da meia-noite», contou.

De acordo com o autarca, esta doente fez mais de 200 quilómetros em viagens que custaram «muito mais ao contribuinte» do que se tivesse sido logo encaminhada para o destino indicado.

A Lusa tentou obter uma reação do Ministério da Saúde, mas até ao momento tal não foi possível.



PARTILHAR:

Edifício de Ciências Veterinárias

Caiu enquanto tirava fotos