Há muito tempo que o presidente da cooperativa Coamêndoa, Joaquim Grácio, não andava tão satisfeito como agora. Motivo a decadência do amendoal no Alto Douro parou e, aos poucos, ganha novo fÎlego. Até 2013 poderão ser plantados seis mil novos hectares de amendoeiras. Desta vez, o Governo promete não faltar com apoios aos bons projectos: a comparticipação pode chegar aos 60%. Os agricultores já começaram a investir.

\"Isto está a correr maravilhosamente\", diz, a sorrir, o dirigente da Coamêndoa, com sede em Freixo de Numão, Vila Nova de Foz CÎa. O secretário de Estado da Agricultura, Luís Vieira, assegurou-lhes que há fundos para apoiar a ressurreição do amendoal no Alto Douro. Razão pela qual \"os agricultores têm de apostar nesta cultura\".

Joaquim Grácio garante que \"a amêndoa é rentável e tem futuro\". Até porque, em zonas onde o vinho não tem direito a benefício, \"não compensa produzir uvas a 10 cêntimos o quilo\". Acresce que, enquanto no amendoal não é necessário muito mais trabalho do que granjear o terreno e promover a apanha, na vinha é preciso andar sempre à volta das videiras com diversos tratamentos.

A Coamêndoa representa meia centena de agricultores de Foz CÎa, Meda, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo, S. João da Pesqueira, Penedono, Macedo de Cavaleiros e Mogadouro. \"Vamos procurar plantar pelo menos 1500 hectares\", adverte, esperando que outras associações façam o mesmo para atingir a meta dos seis mil hectares.

Há também a intenção de que os autarcas se envolvam na sensibilização dos agricultores e que os apoiem na elaboração e custos dos projectos.

E a Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo já aprovou, no passado dia 20, um regulamento municipal contemplando apoios específicos para os agricultores. O regulamento aprovado pela Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo prevê que o Município conceda apoios para a plantação de amendoeiras, \"preferencialmente quando visíveis das estradas municipais e estradas nacionais\" que percorrem o concelho. Refere ainda que a Câmara Municipal subsidiará a aquisição de cada pé de amendoeira no montante de 2,5 euros até ao limite de 500 euros por proponente.

As novas amendoeiras, que já estão a ser utilizadas por alguns lavradores, são aplicadas no porta-enxertos GF, resultado de estudos feitos em França que misturam amêndoa amarga e pessegueiro. São as variedades Antonheta Marta e a Guara. Têm floração tardia e são auto-férteis, pelo que a polinização dispensa a acção das abelhas. Em cinco anos começam a produzir em pleno, tendo maior rentabilidade que as tradicionais, e podem ser plantadas até uma altitude de mil metros.

Nos últimos 15 anos, terão sido arrancadas em Portugal cerca de quatro milhões de amendoeiras, por falta de incentivos à cultura. Na região em que agora se volta a apostar, desapareceram 15 mil a 20 mil hectares de amendoeiras. A União Europeia autoriza-nos a produzir frutos de casca rija numa área máxima de 41 300 hectares.



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