Um estudo realizado numa das escolas do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) revela que a maioria dos alunos reprova o ensino online, apontando várias dificuldades e consequências negativas na aprendizagem e avaliação, divulgaram hoje os promotores.

O estudo avaliou o impacto da pandemia e a adaptação à nova realidade dos estudantes da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo (EsACT), situada em Mirandela, e foi realizado pelas docentes Joana Fernandes e Salete Esteves.

Ao inquérito responderam 231 dos 1.716 alunos, a maioria dos quais assistiram às aulas online a partir de casa e, apesar de terem Internet e equipamentos, “apenas 57,9% conseguiram acompanhar as aulas, na maior parte das vezes”, segundo as conclusões.

A maioria dos inquiridos, concretamente 58,2%, considera que “as aulas presenciais são necessárias e não substituíveis por aulas online”.

O estudo foi realizado antes do regresso ao ensino online no primeiro semestre deste ano, pelo que as perguntas incindiram sobre a experiência à distância do segundo semestre do ano anterior e das aulas presenciais do primeiro semestre do atual ano letivo, antes do novo confinamento.

De acordo com as conclusões, durante o ensino online “a maioria dos alunos (51,6%) sentiu, no mínimo, algum isolamento dos colegas” e “uma parte considerável dos inquiridos (40,7%) teve muitas vezes ou quase sempre mais obrigações a cumprir, para além do estudo , durante o período de confinamento”.

A maioria dos inquiridos (64,2%) considerou a avaliação “mais difícil do que a avaliação presencial”.

As autoras do estudo concluem da análise das respostas que “não pode deixar de ser analisado “o sentimento de dificuldade acrescida e de injustiça, pelo ensino online, especialmente pela avaliação online”.

“É de ponderar se as medidas tomadas para evitar a fraude de alguns alunos, sem evidências que de facto reduzam a fraude, não estão apenas a penalizar todos os outros alunos, incluindo os bons e dedicados, afetando a sua motivação”, alertam.

Às perguntas sobre o ensino presencial no 1º semestre de 2020/2021, a maioria (63,9%) respondeu que “não se sentiu insegura nas aulas presenciais e 75,2% consideraram que a escola apresentava as condições adequadas”.

Apesar disso, o estudo aponta que “é ainda uma considerável percentagem que assume a sua insegurança (36,1%)”.

Os inquiridos responderam também que durante as aulas presenciais adotaram “comportamentos muito reservados”, com 76,2% a admitirem que reduziram os contactos com a família, 93,7% os contactos com os amigos, 88,6% o estudo em grupo, 60,6% os trabalhos de grupo, bem como 86,9% reduziram as idas à biblioteca, 81,9 % ao bar, 94,8% a cafés e 53,5% reduziram a utilização de transportes públicos.

Sobre as expectativas para o 2º semestre de 2020/2021, “os maiores receios dos alunos prendem-se com a dificuldade na avaliação online (54 inquiridos) e com a dificuldade em adquirir os conhecimentos pretendidos (36 inquiridos).

 

As autoras do trabalho realçam que “os alunos mais jovens, dos primeiros anos, sentem maior necessidade do ensino presencial para aquisição de competências e, provavelmente, para estabelecimento de relações interpessoais, enquanto os mais velhos consideram que as aulas presenciais poderiam ser substituídas por aulas online”.

“Assim, reforça-se a necessidade dos anos mais iniciais manterem um contacto com os docentes e com as aulas de forma presencial”, aponta o estudo.

A amostra de 231 inquiridos apresenta uma maioria masculina, uma idade média de 23,7 anos e 85,8% tem a residência habitual (fora do período letivo) na região Norte do país.

O questionário decorreu no período de 04 e 12 de fevereiro de 2021.

Fotografia: AP



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