A 24.ª cimeira luso-espanhola, em Zamora, foi dominada pelo TGV e pela energia. No comboio de alta velocidade, Mário Lino garantiu que parte dos componentes serão portugueses e não deixou de vincular a líder do PSD à decisão

Estação de TGV no Caia e operador de mercado discutidos

Mais investimento público e mais transparência no sistema financeiro internacional. Foi esta a receita ibérica de combate à crise ontem deixada pelos primeiros-ministros português e espanhol, José Sócrates e José Luís Rodríguez Zapatero, em Zamora. \"A resposta à crise deve ser global e a resposta dos dois governos são semelhantes. Ambos querem fazer investimento público para dinamizar a economia e criar e proteger empregos nos dois países, ambos queremos estabilizar os nossos sistemas financeiros, uma resposta que passe pela reforma do sistema internacional\", disse Sócrates, referindo que a regulação dos off-shores deve fazer parte de um novo sistema mundial. \"A origem da crise foi a má regulação do sistema financeiro internacional e dos Estados Unidos\", afirmou, por seu lado, Zapatero, considerando prioritários o emprego e a coesão social.

Assim, da reunião, a mais participada de sempre, com 24 ministros, saiu a promessa de 180 milhões de euros em investimentos conjuntos transfronteiriços até 2010. Mas também a reafirmação, pela voz de Sócrates, dos prazos para o comboio de alta velocidade, até 2013, nas ligações entre Lisboa e Madrid e entre Porto e Vigo. \"Este projecto, em particular neste momento, é importante, não só porque cria emprego, mas também para não ficarmos para trás estas ligações são essenciais para que Portugal não fique fora da alta velocidade\", afirmou Sócrates, lembrando que em todos os países houve polémicas para desvalorizar as críticas internas da líder da oposição.

O mesmo fez o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, que à margem da cimeira lembrou que, há anos, Manuela Ferreira Leite considerava o investimento estratégico. E garantiu que o comboio de alta velocidade terá componentes portuguesas. \"O nosso objectivo é procurar que a maioria dos componentes seja feita em Portugal\". Nesta cimeira luso-espanhola, em Zamora, ficou acordada a localização da estação internacional de TGV Badajoz-Elvas, com acesso através de um viaduto sobre o Caia, com o terminal de mercadorias do lado português e o de passageiros do espanhol.

Há ainda a registar o avanço na integração do mercado ibérico da energia, com a data de 15 de Junho para a constituição definitiva do Operador de Mercado Ibérico. O nome de José Carvalho Netto, engenheiro, foi proposta pelos governos para presidir ao OMI. Além isto, reafirmou-se a aposta nas renováveis, com a criação oficial do Centro Ibérico de Energias Renováveis no parque industrial de Badajoz. Este será presidido por um português, António Sá Costa, estando o lançamento da primeira pedra previsto para o ano, na cimeira de Elvas, um marco no quarto de século de reuniões entre Portugal e Espanha.



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