Luis Ferreira

Luis Ferreira

Um continente em ebulição

Durante muitos séculos desconhecia-se que outros continentes podiam existir para além do Europeu. Depois de descobertos e nós muito contribuímos para que isso fosse uma realidade, logo foi uma correria à procura do que na Europa não existia. A facilidade de aquisição de riqueza era um motivo muito forte e todos os países europeus tinha sede de riqueza.

Não demorou muito para que em cada um dos continentes descobertos, a realidade fosse outra. No continente americano, começou a corrida ao ouro e à prata e não foram só os americanos, foram igualmente os espanhóis e os portugueses. Onde havia paz, serenidade e quase nenhum progresso, nasceu a discórdia, a guerra, a escravatura e a corrupção. De facto, esta não é de hoje. Sempre existiu e continuará a existir.
Muitos outros séculos depois, deparamo-nos hoje com outros problemas, não muito diferentes dos antigos, mas as realidades são também elas diversas. O continente americano, todo ele, vive hoje momentos de muita conflitualidade e controvérsia. 

Os Estados Unidos da América experienciam tempo difíceis. Na realidade as últimas eleições deram-lhes o que não esperavam ao elegerem Trump. Contudo, o que este ameaçava se não ganhasse, está a acontecer-lhe ao ser feita a recontagem em três dos Estados em que supostamente, Hillary ganharia. Agora vem dizer que é um complot contra ele! Antes não seria! Enfim. Mas claro que a parte mais difícil e indefinida é quando Trump começar o seu governo. Ninguém sabe o que ele vai fazer. Ou talvez alguns saibam!

No Brasil a situação é igualmente efervescente. Afastada Dilma por artes que indiciam manipulações a raiar o ilícito, vê-se agora Temer vaiado por todos e à beira de ataque de nervos. Quase não pode sair à rua com medo do que lhe possa acontecer. Prova disso é o dia em que chegaram ao Brasil, os corpos da equipa do Chapacoense. Temer estava presente no aeroporto de Chapecó, mas limitou-se a entregar as medalhas às famílias das vítimas e não foi ao estádio onde foi feita a cerimónia fúnebre. Os noticiários revelaram que estavam com receio do que lhe poderiam dizer as cem mil pessoas que estavam presentes. De facto, não era o momento mais propício para ouvir desaforo! Indecisões seguidas de indecisões é o que se vive no Brasil. Há quem exija a demissão de Temer e há quem peça eleições o mais depressa possível. O Brasil vive em ebulição constante. Está quase a rebentar!

Ali quase ao lado, o Presidente Juan Manuel Santos, da Colômbia, negociou a paz com as forças rebeldes, as FARC, com a promessa de alguns elementos integrarem o Parlamento Nacional. O processo não tem sido fácil e o curioso é que muitos colombianos não querem a paz e não querem que elementos das FARC ocupem lugares no parlamento. No entanto, o dia 1º de dezembro seria o dia D que marcaria o fim de 52 anos de violência e mais de 200 mil mortes e mais de 6 milhões de deslocados. Mais de meio século de constante ebulição. Será que vai arrefecer?

Na Venezuela vivem-se igualmente momentos muito conturbados e de indecisão. Perdida a maioria no Parlamento, Maduro tenta aguentar um governo demasiado contestado através da imposição da força e de uma série de manobras à margem do correctamente político. Por quanto tempo vai conseguir? Todas as ditaduras têm um final e nem sempre o mais agradável.

Um pouco acima, Cuba vê desaparecer o seu ídolo revolucionário. Fidel desaparece aos 90 anos e com ele vai toda a força que segurou um povo e um país durante mais de cinquenta anos. Um homem com um carisma enorme, com uma vontade férrea extraordinária que conseguiu incutir no povo cubano uma ideia de revolução constante. Mudou mentalidades, mas do Mundo recebeu muito pouco. Soube retirar-se a tempo e não levar com ele o rótulo de ditador eterno. Ao passar o governo ao irmão, pelo menos saiu de cena com alguns pontos a favor. E o mais importante, arrefeceu a efervescência em que vivia o país. No entanto deixou a sua marca na educação e na saúde. Neste aspeto, os cubanos não se podem queixar muito.

Mas a ebulição não é só apanágio da América. Por cá as coisas também andam a ferver. Atente-se no que anda a acontecer na Caixa Geral de Depósitos, ou melhor, na sua administração. Entra um e sai e entra outro e até parece um jogo do gato e do rato. Resta saber se o rato cai no caldeirão! É que ele está em ebulição!
 


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