É verdade. Sempre assim foi e há-de continuar a ser. O homem é causa e efeito em si mesmo em determinadas vertentes. Não quero com isto dizer quer ser causa e feito ele seja uma causa incausada e que, daí decorrente, se confunda com o transcendente e vire um deus de um momento para o outro. Não, nada disso.
O que quero dizer é que o homem faz coisas em que ele é o sujeito e o objecto. É evidente que como outra forma não há para fazer cumprir regulamentos a quem não é racional, só quem o é efectivamente, é que pode ser coagido a cumprir a lei, porque a entende ou tem obrigação disso. Aliás o seu não entendimento não o desculpabiliza!
Vem isto a propósito do novo (?) projecto de avaliação que o Ministro da Educação pretende implementar nas escolas. Todos sabemos que a paixão guterriana sobre a educação fracassou. Foi um ar que lhe deu! Hoje, o sistema educativo em Portugal está a atingir um nível demasiado baixo em termos de ranking internacional e dentro, obviamente, da União Europeia. Os nossos técnicos são fracos e pretenciosos quando comparados com os dos outros países e com uma tendência francamente maior para a gravata do que para o fato-macaco. Li há dias numa revista estrangeira que alguns profissionais portugueses nem serviriam para porteiros em alguns países da Europa! Esta é demasiado forte! Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra! Seja como for, o que se contacta é que, de facto, o nível de ensino-aprendizagem em Portugal é demasiado permissivo, pouco selectivo em termos de saber e de acordo com os graus exigidos pela Comunidade Europeia. Deste modo, o que é preciso é apresentar bons resultados em termos de sucesso escolar e as faculdades cheias de alunos, comprovando que aqui tudo é ou pode ser doutor, mesmo que depois de sair tenha que ir para porteiro de um qualquer Ministério da Comunidade!
Perante este panorama, há que fazer exigências a dois níveis: escolas e docentes. Há que avaliar os espaços físicos e os corpos docentes. Há que avaliar o funcionamento integrado das escolas e exigir aos alunos, não um mínimo de objectivos, mas um máximo dos objectivos possíveis. A selecção natural fará o resto, como diria Darwin. E se os professores vão ser mais responsabilizados, é natural que os alunos passem a cumprir outras regras, onde a educação e o respeito pelos outros são alíneas imprescindíveis à progressão na aprendizagem. A escola deve ser um lugar aprazível onde todos aprendem a enfrentar o futuro, nunca uma prisão onde se cortam liberdades e se impede de viver um sonho momentâneo de adolescente. Mas para isso, é necessário que as regras sejam cumpridas de parte a parte. É necessário que o aluno saiba que deve respeitar o professor e que este tem a obrigação de educar, de ensinar, de coagir, de castigar quando é preciso, mas também de ser o melhor amigo que o aluno pode ter dentro do espaço escolar.
Pois bem, tudo isto terá de ser avaliado. O espaço físico, o palco e os actores, devem ser objecto de uma avaliação séria e a partir daí orientar todo o sistema para um sucesso posterior adequado às necessidades internas, mas não só, já que o mercado de trabalho se estende por um espaço europeu enorme e exigente como sabemos e ao qual pertencemos por direito próprio.
Que ninguém tenha medo da avaliação. O homem sempre foi avaliado e é essa avaliação que lhe tem permitido avançar, progredir e preparar-se para o futuro. O que temos de encarar com seriedade é todo o processo de avaliação e não só uma parte. É necessário exigir mais e melhor logo no 1º. Ciclo. Não se pode continuar a deixar que os alunos cheguem ao secundário sem saber escrever e sem saber ler. Ao acabar o 1º. Ciclo, a criança tem obrigatoriamente de saber ler, escrever e contar. No sistema de ensino-aprendizagem existem ciclos porque, entre outras coisas, eles servem para dividir estádios dessa mesma aprendizagem e, se não estão preparados para passar ao estádio seguinte, devem permanecer onde estão. Não se pode passar o tempo a exigir a um aluno do secundário, uma matéria que ele deveria ter aprendido no 1º ou 2º. Ciclo!
Assim sendo, o novo sistema sobre a avaliação, a implementar nas escolas, além de não ser novo, peca por tardio. Ele é absolutamente imprescindível se queremos ganhar o mercado europeu em termos de conhecimento e emprego, sob pena de ficarmos sempre para trás, sermos tratados como uns pobrezinhos e, para nos contentar, oferecerem-nos o lugar de porteiros de um qualquer ministério! Em suma, andarmos sempre a viver em pleno fio da navalha!
No fio da navalha

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