Ana Soares

Ana Soares

Governo com sotaque transmontano

O XXII Governo Constitucional da República Portuguesa tem cinco transmontanos em lugares de destaque o que, simpatias partidárias e ideológicas à parte, é digno de destaque, sobretudo porque todos esperamos que, pela sua acção, venham a ser corrigidas algumas das injustiças que, até agora, se verificam e são transversais a todos os Governos. Na minha opinião, é particularmente relevante o facto de metade destes governantes possuírem um currículo maioritariamente técnico e não político, o que (espero) se revele uma mais-valia para a dignificação da política e para a concretização dos mais justos anseios de todos nós.

De facto, ainda que esteja em causa o maior Governo desde o 25 de Abril, a verdade é que se analisarmos as Secretarias de Estado em causa (Transição Digital, Administração Interna, Valorização do Interior, Comunidades Portuguesas​ e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) é inegável o peso político das mesmas, sendo assim reforçado a importância, mas também a responsabilidade, dos novos Governantes.

Com particular preponderância para a nossa Região, parece-me ser a Secretaria de Estado da Valorização do Interior, sobretudo numa altura em que foi avançado por Berta Nunes a possibilidade de se sediar em Bragança, sendo que até aqui estava em Castelo Branco. A verdade é que, com uma equipa dinâmica, especializada e experiente, a distância da capital é hoje totalmente ultrapassável, podendo ser realizado um trabalho muito importante também a nível de comunicação, uma vez que com labuta a nível de comunicação e aproveitando a sociedade digital actual, é impossível não reflectir uma Secretaria de Estado de sucesso em Bragança em outras áreas como a empresarial, o que seria, de certo, uma excelente notícia. A política de proximidade e com uma Governante que bem conhece a realidade local e tem um percurso de excepção nas áreas técnico-científicas em que tem trabalhado, traduz-se num aumentar de expectativas, nomeadamente quanto aos enormes problemas vivenciados a nível de despovoamento, falta de investimento e políticas de discriminação positiva, má qualidade dos serviços de saúde e, o que me parece particularmente relevante, reforço e divulgação das características positivas existentes no Interior.

Nunca fui, nem sou, de saudar qualquer cargo por características inatas de quem o ocupa como ser mulher ou homem, pela etnia ou raça ou qualquer outra característica. Não acho que, só por serem transmontanos, os Secretários de Estado recém-empossados vão necessariamente fazer um bom trabalho. Nada disso. Mas o currículo da grande maioria permite-me ter essa esperança e, sobretudo, desejar que assim seja, por Portugal e por Bragança.


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