Passar para o conteúdo principal
Diário de Trás-os-Montes
Montes de Notícias
  • Início
  • Bragança
    • Alfândega da Fé
    • Bragança
    • Carrazeda de Ansiães
    • Freixo de Espada à Cinta
    • Macedo de Cavaleiros
    • Miranda do Douro
    • Mirandela
    • Mogadouro
    • Torre de Moncorvo
    • Vila Flor
    • Vimioso
    • Vinhais
  • Vila Real
    • Alijó
    • Boticas
    • Chaves
    • Mesão Frio
    • Mondim de Basto
    • Montalegre
    • Murça
    • Ribeira de Pena
    • Sabrosa
    • St.ª Marta Penaguião
    • Peso da Régua
    • Valpaços
    • Vila Pouca de Aguiar
    • Vila Real
  • Reportagens
  • Entrevistas
  • Fotogalerias
  • Vídeos
  • Opinião
  1. Início

Famílias desfeitas

Retrato de luis
Luis Ferreira

Famílias desfeitas

Nunca se imaginou tal coisa. Durante séculos, arreigou-se no mundo inteiro, o hábito de juntar a família para celebrar o nascimento do Menino.

Em época em que a taxa de natalidade era muito problemática e fazia pender negativamente o crescimento demográfico, fazer inverter tal tendência era um objectivo primordial para todos e nem se questionava se seria possível criar os filhos perante as adversidades económicas que se viviam em toda a Europa e mesmo no resto do mundo.

Épocas houve em que juntar a família era quase impossível, porque as epidemias e as guerras contribuíam para a separação ainda que forçada. Mas não era proibitivo. Tempos difíceis esses, em que as famílias se viam constrangidas a uma observância mais ou menos rigorosa, para evitar o contágio de epidemias como a peste que grassou na Europa no século XIV. E somente as famílias que ficaram desfeitas devido à peste e tiveram de fugir para outras paragens, perderam o lugar e o sentido de celebrar o Natal. Foi triste esse tempo de privações e de mortandade.

Mas se não esquecemos esse tempo, porque a História e as gerações se encarregaram de o transmitir, como se de uma aprendizagem se tratasse, a verdade é que não conseguimos debelar tal fenómeno, idêntico como tantos outros, e precaver a necessidade de uma celebração conjunta da família do nascimento de Jesus. Não porque a culpa seja de alguém em especial, mas porque todos em conjunto, nos esquecemos de que para podermos estar juntos, deveríamos estar separados durante algum tempo. Sem atropelos, sem desrespeito pelo próximo, sem falsas sabedorias e sem ultrapassar os limites da própria lei. Se todos querem festa, então saibamos esperar pelo tempo certo. Se todos querem Natal, saibamos preparar o tempo de Natal. E não adianta dizer que o Natal é quando um homem quiser, pois com estes atropelos todos que se têm verificado, não há tempo nem haverá Natal para muitos elementos das famílias que esperavam juntar-se neste Natal. Completamente desfeitas, as famílias já não têm vontade de celebrar seja o que for, muito menos o nascimento, perante a morte que estão a sentir.

A verdade é que estamos todos fartos de ouvir os mesmos noticiários e as mesmas notícias todos os dias sempre acompanhadas de mais mortes e de uma expansão da pandemia, que nos assusta cada vez mais. Desconfiamos de todos, mesmo dos amigos. Desconfiamos dos que se atravessam à nossa frente e fugimos dos que, em multidão, enchem os lugares públicos sem respeito pelos que querem usufruir do tal distanciamento social e fazer a sua vida diária, numa simples fugida a supermercado, porque o pão é necessário à mesa de todos nós.

Mas não vivemos todos assim tão assustados e com medo de encontrar o vírus ao virar da esquina. Se assim fosse, talvez este não ganhasse o transporte grátis para o próximo porto de abrigo onde é fácil apanhar mais um táxi para a rua do lado. Parece um jogo. Mas não é.

Perante os números que nos apresentam e que assolam todos os países, alguns são verdadeiramente arrepiantes, quase inverosímeis. Em vinte e quatro horas, os contágios são aos milhares e os óbitos de igual dimensão. Rezamos todos pela chegada de uma vacina milagrosa que impeça a proliferação contínua deste vírus assassino. Mas e até lá?

A esperança é a última a morrer, como se costuma dizer. E ela reside no facto de antes do final do ano chegar também ao nosso país e começar a ser administrada em grupos seleccionados e de risco maior. É bom que assim seja, mas certamente não virá a tempo de celebrar connosco este Natal, onde muitas famílias, já destruídas, embora ansiando pela vacina, já nada mais querem do que ver-se livres de uma mortandade que lhes levou os entes mais queridos com quem esperavam celebrar o nascimento de Jesus.

Mas haverá mais Natais, claro, mas os que partiram e já não celebraram este Natal, também não vão celebrar mais nenhum. Deixam, contudo, a falta, o sentimento, o lugar vazio na mesa da família, que não esteve reunida e que chorou, não o nascimento, mas a partida de mais um elemento que não voltarão a ver nos próximos Natais.

Que venha rápido a vacina e que nos deixe viver outros natais, já que este o vírus conseguiu desfazê-lo completamente.

Partilhar
Facebook Twitter

+ Crónicas


Salas virtuais
Publicada em: 21/02/2021 - 12:01
As viragens da História
Publicada em: 03/02/2021 - 23:47
O ano de todos os desejos
Publicada em: 23/01/2021 - 13:11
O intruso
Publicada em: 05/01/2021 - 22:03
A China de XI
Publicada em: 20/12/2020 - 14:06
Famílias desfeitas
Publicada em: 08/12/2020 - 14:03
A irreverência do perdedor
Publicada em: 21/11/2020 - 01:06
Horário de ponta
Publicada em: 11/11/2020 - 23:29
Sem ilusões
Publicada em: 26/10/2020 - 10:22
A febre de Trump
Publicada em: 21/10/2020 - 00:13
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8
  • 9
  • …
  • seguinte ›
  • última »

Opinião

Retrato de chrys
Chrys Chrystello
Timor 45 anos depois
25/02/2021
Retrato de Preto
Ana Preto
Das palavras que nos desqualificam
23/02/2021
Retrato de Guerra
Luis Guerra
Olhares e paisagens
23/02/2021
Retrato de luis
Luis Ferreira
Salas virtuais
21/02/2021

+ Vistas (últimos 15 dias)

ASAE encerra Continente de Vila Real
// Vila Real
Salvou uma raposa e ganhou companhia diária ao jantar em Oleiros
// Bragança
Alegada vacinação ilegal contra a Covid-19 em Valpaços
// Valpaços
Minas de ferro de Moncorvo exportam primeiras 50 mil toneladas para a China
// Torre de Moncorvo
Homem encontrado morto na rua em Bragança
// Bragança

Publicidade Google

CRONISTAS

Retrato de Nuno
Nuno Magalhães
Retrato de ana
Ana Soares
Retrato de Bandarra
Carlos Ferreira
Retrato de bj
Batista Jerónimo
Retrato de Preto
Ana Preto
Retrato de Angela
Ângela Bruce
Retrato de chrys
Chrys Chrystello
Retrato de Duarte
Duarte Mairos
Retrato de Guerra
Luis Guerra
Retrato de parafita
Alexandre Parafita
Retrato de pauloafonso
Paulo Afonso
Retrato de barroso
Barroso da Fonte
Para sugestões, informações ou recomendações: [email protected]

Formulário de pesquisa

Diário de Trás-os-Montes

© Diario de Trás-os-Montes (Desde 1999)

Proibida qualquer cópia não previamente autorizada.



  • Ficha Técnica
  • Estatuto Editorial
  • Contactos
  • Login


Bragança

  • Alfândega da Fé
  • Bragança
  • Carrazeda de Ansiães
  • Freixo de Espada à Cinta
  • Macedo de Cavaleiros
  • Miranda do Douro
  • Mirandela
  • Mogadouro
  • Torre de Moncorvo
  • Vila Flor
  • Vimioso
  • Vinhais

Vila Real

  • Alijó
  • Boticas
  • Chaves
  • Mesão Frio
  • Mondim de Basto
  • Montalegre
  • Murça
  • Peso da Régua
  • Ribeira de Pena
  • Sabrosa
  • St.ª Marta Penaguião
  • Valpaços
  • Vila Pouca de Aguiar
  • Vila Real

Secções

  • Douro
  • Trás-os-Montes
  • Livros
  • Mirandês
  • Emigração
  • Diversos
© Diário de Trás-os-Montes