Amândio Augusto Ferreira é o proprietário do terreno ocupado pelo maciço e por quatro dos postes da ponte de acesso ao IP2. E ainda por parte da área desaterrada, que passará a fazer a ligação à EN216. Há três anos, autorizou a entrada das máquinas para a construção da ponte "sob a promessa do engenheiro Bernardino" de que o Icor lhe pagaria "oportunamente" o valor relativo á expropriação da área ocupada pela obra. Só que, de acordo com o proprietário, este organismo do Ministério das Obras Públicas "pagou os terrenos do lado a dez contos o metro quadrado" enquanto pelo seu "só quer pagar 1700$00". Além disso, assegura que lhe foi dito, "antes de começar a obra", que "a ponte seria feita ao nível da EN 216", o que o deixou "sossegado" em relação ao acesso à área que resta do terreno. Por outro lado, isso iria permitir-lhe "manter o terreno em condições de poder ser vendido para construção".

No entanto, "o Icor decidiu alterar o projecto da ponte", sem que Amândio Ferreira perceba porquê. Na sua perspectiva, isso fez com que a nova ligação à EN216 implicasse um desaterro entre seis e nove metros de altura entre uma e a outra extremidade do terreno". O proprietário garante que aquele organismo do Estado "nunca apontou números sobre a área ocupada", mas está convencido de que, devido à alteração do projecto, ela é "bastante superior" à prevista inicialmente, porque o novo traçado da EN216 naquele local "é bastante mais largo que o antigo, sobretudo na parte superior do desaterro". Amândio Ferreira considera ainda que, apesar disso, "aquela emenda (para a EN216) não permite a entrada de um camião", o que se traduz num "grande inconveniente, não só para as pessoas que já andam a construir no local, mas também para as que já ali adquiriram terrenos para o mesmo efeito". A parte abandonada do troço da EN216, em nível superior ao actual traçado, fica a constituir, diz o queixoso, "uma ratoeira para os automobilistas desprevenidos".

"Prepotência" do Icor

Amândio Ferreira diz que o presidente da Câmara, Beraldino Pinto, já tinha estado com ele "no local, a analisar a situação", tendo-lhe dado "razão" e "a entender que, para chegar a um valor para expropriação, o Estado deveria ter em atenção os considerandos do proprietário". Mas agora está "revoltado" com as obras em curso no local, e o meio que encontrou para manifestar a sua "repulsa pelos actos de prepotência que o ICOR está a usar", foi cortar o acesso ao IP2 à entrada da ponte. "Atravessei os meus três táxis em terreno que é meu, porque ainda me não foi pago pelo Estado", diz o queixoso, que, antes disso, avisou o Icor, a Câmara Municipal e a GNR, através da Rádio Onda Livre. Só que, pelos vistos, nenhuma destas entidades terá levado o aviso a sério.

O protesto prejudicou sobretudo os automobilistas que pretendiam entrar em Macedo. Já havia dezenas de carros ao longo do acesso ao IP2, pelo que a GNR teve de intervir, para desimpedir a via. O queixoso acabou por ficar detido no posto daquela força policial desde o meio-dia até às 16h00, hora a que foi ouvido pelo juiz da comarca de Macedo de Cavaleiros. Amândio Ferreira deverá comparecer novamente no tribunal no próximo dia 19, e só a partir dessa data é que pensa tomar uma nova atitude, considerando "provável" a via judicial.



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