Foi com alegria que Humberto Pires e Carminda Parada receberam, ontem à tarde, a neta Daniela Costa, a menina de 5 anos que foi colocada numa residência para estudantes em Macedo de Cavaleiros para poder frequentar o 1º ciclo do Ensino Básico.

A Paradinha de Besteiros ficou sem escola primária há mais de 20 anos. Desde então as crianças da localidade são obrigadas a permanecer na residênci, a mais de 20 quilómetros de casa, para poderem frequentar aquele nível de ensino. A alternativa é deslocarem-se para as aldeias próximas onde há escola.

Ao longo destes anos os pais das crianças têm-se conformado com a situação, mas este ano os familiares da pequena Daniela, que foi para a escola pela primeira vez, têm mostrado o seu desagrado e reivindicam uma solução para o problema. Propõe como alternativa transportar a criança para a escola de Chacim ou para a de Morais, a cerca de cinco quilómetros. \"Vinha todos os dias para casa, ela é muito pequenina para estar longe da família\", explicou a avó.

No concelho há vários casos de transporte em táxi de crianças para escolas das localidades que não a sua.

Em Paradinha há mais duas crianças e dois adolescentes também deslocados em Macedo de Cavaleiros, onde ficam durante toda a semana na residência, só regressando a casa na sexta-feira ao fim da tarde transportadas de táxi.

A deslocação das crianças e jovens até ao 9.º ano divide a população da aldeia. A Helena Calejo, mãe de três crianças nesta situação, agrada-lhe que os filhos fiquem na cidade, porque diz que estão bem e podem estudar, pois podem permanecer ali até ao 12º ano. \"Quero que fiquem lá\", garante.

\"Condenadas a sair dqui\"

Aquela mãe justifica a sua posição dizendo que na aldeia não há condições para as crianças ali ficarem, não há escola e o caminho de terra batida não é sequer digno de ser chamado estrada. A população vive bastante isolada, não há transportes públicos. \"As crianças nascem condenadas a sair daqui\" afirmou Helena Calejo.

Carminda Parada disse ao JN que a mãe da Daniela, que passa seis meses por ano em França, pediu à Câmara, antes do ano lectivo começar, para lhe darem transporte para a filha ser deslocada para escola de Chacim, mas que na autarquia lhe disseram que não era possível.

A vereadora do pelouro da Educação do município afirma que no serviço se desconhece qualquer pedido nesse sentido. Sílvia Garcia garante que se o pedido tivesse sido feito essa hipótese teria sido avaliada. \"Nós queremos o melhor para as crianças\", afirma. Aquela responsável diz que a aldeia tem más acessibilidades e que, desde que a escola encerrou, se pensou na melhor hipótese para as crianças.

No ano passado, a Daniela não frequentou o ensino pré-primário porque tinha de ser deslocada para outra aldeia e a mãe da outra criança da mesma idade preferiu que o filho não fosse para o jardim-de-infância, pelo que não conseguiram transporte só para um.



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