Os serviços de Trás-os-Montes e Alto Douro do Ministério da Agricultura admitiram ontem não ter capacidade de resposta para proceder à correcção do parcelário olivícola da região, o que tem provocado o protesto sistemático dos agricultores.
"Face ao grande número de olivicultores não há capacidade de resposta, nem do sistema informático, nem em termos físicos" admitiu Afonso Costa, coordenador do processo na Direcção Regional de Agricultora local.
Na base do "caos" que se verifica nos serviços está - segundo o responsável - uma directiva do Instituto Nacional de Garantia Agrícola (INGA) que, no mês de Dezembro, convocou os olivicultores para se dirigirem às zonas agrárias no sentido de procederem à correcção das parcelas de olival.
Segundo Afonso Costa, a necessidade desta correcção é justificada pelo facto de uma grande quantidade - cerca de 50 por cento - das declarações feitas pelos olivicultores no parcelário elaborado em Agosto de 2000 apresentarem erros.
Para os corrigir, os olivicultores foram todos convocados para apresentarem novas declarações de 1 a 31 de Janeiro, o que provocou uma "avalancha" nos serviços e tem sido motivo de protesto dos visados. Agora os responsáveis são obrigados a admitir que "houve um erro de planeamento".
Demonstrativa da confusão foi a manhã de hoje na zona agrária de Bragança, que não teve espaço para albergar as dezenas de agricultores que começaram a juntar-se desde as cinco da manhã à porta dos serviços, aproveitando o dia de feira para se deslocar à cidade e tratar da declaração.
Entre encontrões, à chuva e ao frio, os ânimos exaltaram-se e alguns agricultores que já se deslocavam ao local pela terceira e quarta vez sem conseguirem ser atendidos exteriorizavam a sua revolta contra a" vergonha" que é a falta de organização dos serviços.
"Isto não devia ser assim, devia haver um dia para cada freguesia, porque desta forma aparece tudo de avalancha e nem daqui a oito dias somos atendidos", reclamavam alguns.
Outros sugeriam que o ideal seria um funcionário dos serviços deslocar-se às localidades.
Sem as declarações correctas da parcela de olival os agricultores não podem receber os subsídios à produção, mas cada zona agrária só consegue atende uma média de 20 pessoas por dia .
De acordo com o coordenador dos serviços, a região de Trás os Montes é o caso mais complicado no País, por ser o que concentra a maior mancha de olival e o maior número de olivicultores, que ronda os trinta mil.
Metade destes olivicultores apresentaram declarações com erros nas parcelas, havendo casos em que as mesmas oliveiras aparecerem nas declarações de dois agricultores diferentes, e daí a necessidade da correcção em curso.
A correcção da declaração pode demorar um hora e os que aguardam na fila, muitas vezes, acabam por não ser atendidos, sendo obrigados a regressar várias vezes para conseguir regularizar a situação ou simplesmente para confirmar a declaração, visto terem sido convocados todos os olivicultores e não apenas as situações alegadamente irregulares.
Para remediar a confusão gerada, Afonso Costa admite o prolongamento do prazo para a correcção das declarações até 3 de Abril.



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