A vontade de ajudar famílias com roupas ou bens alimentares levou à criação de um grupo no Facebook que junta cerca de dois mil membros e já apoiou mais de uma centena de agregados no concelho de Chaves.

O projeto, que surgiu na rede social Facebook, com o nome ‘Doar é Ajudar’, começou em dezembro quando Sónia Colhados, de Chaves, no distrito de Vila Real, teve a ideia de disponibilizar roupas, calçado ou outros bens que já não faziam falta à sua família para doar a quem precisa.

Desta ideia nasceu o grupo ao qual se têm associado cada vez mais pessoas e depressa se organizou uma equipa que recolhe bens como roupas, brinquedos ou alimentos e distribui pelas famílias que solicitam ajuda, principalmente devido às dificuldades que a pandemia de covid-19 está a criar.

“Somos cerca de dois mil membros, e cada vez mais vai aparecendo gente a dizer que tem coisas para doar. O grupo está neste momento muito mais desenvolvido e queremos que continue a crescer ainda mais”, realça à agência Lusa Sónia Colhados.

O grupo ‘Doar é Ajudar’ é atualmente gerido por sete flavienses. Além de Sónia Colhados e a sua filha Inês, juntaram-se Gorety Luzio, Tony Guerra, Carla Sofia, Suse Marisa e Luciana Lourenço com o único objetivo de “ajudar o próximo que esteja a atravessar uma fase complicada”.

“Podemos ajudar mais se tivermos mais material para doar. O que mais nos pedem são alimentos neste momento, pois há muitas famílias a passarem dificuldades. O pior ainda está para vir”, sublinha a flaviense.

A maioria dos pedidos de apoio surgem de famílias de Chaves, mas o grupo já chegou a Montalegre ou Mirandela, acrescenta.

O ritmo destes voluntários tem-se repetido semana após semana. As pessoas solicitam a recolha de bens para doar e depois tudo é organizado numa das duas casas que têm servido como ‘quarteis-general’ para o grupo. Ali, o material é dividido e registado. Depois, é colocado no grupo de Facebook para que as famílias que precisam solicitem a entrega.

“Todas as semanas vamos a casa de pessoas diferentes, por vezes vamos às mesmas famílias, mas tentamos filtrar ao máximo para ajudar pessoas novas. Pedimos para não exageraram nos pedidos para que quem ainda não tenha sido ajudado possa também receber”, conta à Lusa Gorety Luzio, outra das responsáveis do grupo, enquanto explica o processo de organização que é feito na garagem da sua casa.

Apesar de não ter o número exato, a ajuda já ultrapassou uma centena de famílias, garante, confessando que a maior ‘recompensa’ para quem participa no projeto são as reações recebidas sempre que uma família é apoiada.

“Houve um miúdo que recebeu uma mota de brincar, e a mãe mandou-nos fotos dele a dormir com a mota e a ir com ela para todo o lado sem a largar. Houve crianças que as únicas prendas de natal que tiveram foram os brinquedos que conseguimos doar. Para nós, a felicidade deles é tudo”, salienta.

Gorety Luzio destaca ainda que este projeto tem por vezes um intercâmbio de bens: “As pessoas que recebem a ajuda dão-nos também bens que já não utilizam, como roupa que deixou de servir aos filhos, para que nós possamos levar para outras famílias. É um projeto bonito por esta vertente”.

Para os responsáveis pelo grupo, o mais difícil de gerir emocionalmente são os pedidos de bens alimentares por parte das famílias necessitadas. Quando acontece, é feito um apelo no grupo do Facebook, o que tem gerado “um movimento fantástico”.

“Recebemos mensagens de muitas pessoas a perguntar o que precisamos para fazerem a sua doação”, conta, explicando também que “grandes superfícies também têm apoiado a causa, embora não queriam publicidade”.

O grupo que gere este projeto também se junta para comprar bens alimentares, sobretudo produtos frescos como carne, peixe ou iogurtes, de forma a também poderem levar este tipo de alimentos às famílias.

A onda de solidariedade está prestes a chegar a Verín, cidade vizinha na Galiza, Espanha, de onde já vários galegos manifestaram a intenção de doarem bens.

“Quando reabrirem as fronteiras iremos também lá recolher o material. Temos muitos amigos lá que souberam deste projeto e também querem contribuir”, acrescenta Gorety Luzio.

Com o passar das semanas e com o grupo a crescer, o trabalho também aumentou. As despesas de deslocação são suportadas pelos responsáveis, que precisam também de uma grande organização entre todos e procuram agora um espaço mais central na cidade. O objetivo é terem um sítio apenas para armazenar todo o material, mas também que facilite a entrega às famílias que lá se possam deslocar.



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