São olhares que brilham de alegria os dos jovens com necessidades especiais que cavalgam ou fazem festas ao cavalo que percorre o picadeiro da GNR em Chaves, onde duas vezes por semana se realizam sessões de hipoterapia.

“O meu Luís é um miúdo muito ativo, um miúdo muito feliz e que gosta muito de andar a cavalo”, afirmou à agência Lusa Mariana Pipa, mãe do jovem, de 17 anos, com necessidades especiais.

Mal entra no picadeiro, Luís deixa que lhe coloquem o capacete de equitação e corre em direção ao “Larápio”, o pequeno cavalo que a GNR utiliza nas sessões de hipoterapia, que se realizam às terças e quintas-feiras.

Trata-se de um método terapêutico que recorre à interação com cavalos para melhorar ou desenvolver o funcionamento cognitivo, emocional ou fisiológico das pessoas com deficiência.

“Tem vantagens em termos motores, em termos de equilíbrio, em termos de sair da própria escola para ir a outro sítio fazer outras atividades. Só há benefícios. Só tem a beneficiar o meu filho e outros como o meu filho”, salientou Mariana Pipa.

E esta é também uma terapia que dispõe agora perto de casa, em consequência do protocolo que junta a Câmara Municipal de Chaves e a Guarda Nacional Republicana.

Antes, Mariana Pipa levou o filho a centros hípicos em Valpaços e Verín (Espanha).

“Foi sempre por minha iniciativa e às minhas custas. Eu acho que era um dever proporcionar ao meu filho coisas diferentes e que lhe fizessem bem”, contou.

Por causa da pandemia, as fronteiras fecharam e mãe e filho deixaram de poder ir a Verín, uma situação que Mariana Pipa classificou como prejudicial para o jovem.

“Claro que prejudicou. Foram dois anos em que o meu filho sentiu muita falta. Vê-se pela felicidade dele a andar a cavalo”, salientou.

Esta mãe contou ainda que lutou “muito” para a criação deste tipo de serviço “finalmente” em Chaves.

“No princípio fica um bocadinho agitado, mas depois ele gosta”, afirmou Ana Medeiros, mãe de um outro jovem de 19 anos, também de nome Luís.

A mãe acompanha o jovem nas sessões de hipoterapia e referiu que, no início, até pensou que ele “nem sequer ia conseguir”.

Esta foi a terceira sessão para Luís Medeiros, que disse à Lusa que gostou do animal, que não tem medo e que quer repetir. O jovem é utente da Cerci Chaves - Cooperativa de Educação e Reabilitação dos Cidadãos Com Incapacidade.

“As vantagens são inúmeras, a nível motor, a parte do equilíbrio e mesmo da tonicidade e também da própria noção do corpo deles”, afirmou Beatriz Fernandes, psicomotricista, que acompanha os utentes da Cerci nestas sessões.

A especialista destacou também a importância “da convivência”, apontando que “já não se viam há muito tempo”, já que, por causa da covid-19, os jovens ficaram em casa.

“É um projeto que está a começar, aos poucos e poucos eles vão ganhando resistência e ganhando o tal jeito. No início eles inclinam-se muito para a frente ou para o lado, assustam-se um bocadinho, mas depois vão ganhando jeito e as vantagens transportam-se para o dia a dia. A parte toda do equilíbrio, de eles se movimentarem com mais agilidade, transporta-se para todas as atividades diárias”, explicou Beatriz Fernandes.

No picadeiro podem fazer festas no cavalo e podem ainda assistir ao tratamento que é feito ao animal, a lavagem e a limpeza dos cascos.

Neste momento estão inscritos na iniciativa 39 utentes, dos 6 aos 66 anos, de quatro IPSS.

O tenente Miguel Teixeira, do Destacamento Territorial de Chaves, explicou que, no âmbito do protocolo, a GNR disponibiliza o picadeiro, o cavalo com as características específicas para este tipo de terapêutica e os tratadores.

À câmara cabe fazer a identificação e o encaminhamento dos destinatários, crianças e jovens portadores de deficiências, ligados a Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ou a escolas.

Miguel Teixeira referiu que, com este novo serviço, a GNR “aproxima-se das populações” e, em conjunto com o município, presta um apoio às instituições e cidadãos locais.

O tenente explicou também que o cavalo foi “especificamente preparado para este tipo de sessões”.

“É um serviço diferente. Tentamos através do contacto com o cavalo proporcionar a pessoas, neste caso com algum grau de deficiência, uma melhor qualidade de vida no seu dia a dia”, disse Vítor Santos, guarda principal da Esquadra de Cavalaria da GNR.

O militar explicou que o “Larápio” é um “cavalo mais dócil” que compreende “quem o está a montar” e que “percebe o estado de espírito do cavaleiro”.

Este é um dos guardas que conjuga, agora, as sessões de hipoterapia com a atividade regular na GNR, nomeadamente o patrulhamento a cavalo.

A Esquadra de Cavalaria de Chaves tem nove militares e cinco cavalos e faz patrulhamento na área de intervenção da GNR no distrito de Vila Real.

Lusa: Paula Lima



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