Empresários chineses e portugueses mostraram-se hoje interessados no potencial da albufeira do Azibo, distrito de Bragança, para desenvolver relações económicas através da exportação de produtos agroalimentares e a importação de tecnologia, desenvolvendo assim um mecanismo de "economia circular".

A iniciativa partiu da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJECP), que hoje trouxe uma delegação empresarial chinesa ao Nordeste Transmontano, para conhecerem o potencial da albufeira do Azibo, no concelho de Macedo de Cavaleiros, alargando o interesse ao concelho vizinho de Mirandela, num conceito que assenta na "economia circular" que poderá ser implementado naquele território.

Em declarações à Lusa, Alberto Carvalho Neto, representante da AJEPC, disse que a ideia passa por exportar produtos agroalimentares e pecuários originários de Trás-os-Montes para a China, via Macau, e trazer para Portugal tecnologia de ponta que permita criar na albufeira do Azibo, uma central fotovoltaica para alimentar um sistema de regadio para aumentar a produção agrícola no território.

"Os produtos mais procurados na China são: o azeite, amêndoa, castanha e carne de porco em carcaça (...) Sendo que a parte relacionada com o fumeiro e derivados serão para comercializar em Macau e Hong Kong", indicou o também empresário.

Segundo Alberto Carvalho Neto, nos últimos dias estiveram em Trás-os-Montes, empresários chineses representantes de empresas como NamKwong, DTR e Taizhou que se mostraram interessados nos produtos originários do Nordeste Transmontano, onde o potencial de exportação pode chegar aos quatro milhões de euros.

"Estas empresas já compram produtos agroalimentares em Portugal, que totalizam cerca de quatro milhões de euros e estão interessados em duplicar o investimento e garantir que terão mais oferta com quantidade estável em Trás-os-Montes ", frisou aquele responsável.

No entanto, os empresários chineses olham para a albufeira do Azibo para poder construir um parque fotovoltaico flutuante, que aumentaria a eficiência de um perímetro de rega e assim alimentar de forma económica o sistema de bombagem e distribuição.

"Com este tipo de regadio, as pequenas empresas vão poder aumentar a sua produção de forma mais económica já que há aguas disponível em albufeiras como a do Azibo, só que não está a ser utilizada corretamente", vincou à Lusa o presidente da AJECP.

Outros dos projetos, que os empresários chineses tem em mente para a área de Macedo de Cavaleiros e Mirandela e que hoje foram dados a conhecer, passa pala construção de centrais de compostagem que vão utilizar o resíduos sólidos da região para os transformar em fertilizantes dos terrenos agrícolas.

A valorização e aproveitamento para rega das águas residuais provenientes das Estações de Tratamento, será outra das apostas para haver uma produção contínua dos produtos agrícolas que interessam ao mercado chinês.

"Há vontade dos chineses em fazer parecerias com os produtores nacionais, dada a qualidade dos nossos produtos, a fim de terem uma produção continua, e não sazonal", salientou Carvalho Neto.

Confrontado, com a realidade ambiental da área protegida do Azibo, para implantação deste tipo de projeto, o presidente da AJECP, disse que é preciso estabelecer diálogo com o Ministério do Ambiente e com as autarquias para se poderem ultrapassar alguns entraves.

"Não trouxermos desenvolvimento para Trás-os-Montes, podemos ficar a olhar, no futuro, apenas para a paisagem", observou aquele responsável.

Na primeira semana de março, o representante da AJECP, adiantou que vão chegar a Portugal mais três delegações empresariais chinesas, sendo que algumas delas também vão passar pelo território transmontano.



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