A população de Chaves está a ser sensibilizada para a poupança de água, porque a escassez é um problema progressivo, apesar de este ano terem sido feitos reabastecimentos de aldeias em número muito inferior aos 871 em 2022.

“A água para consumo humano é absolutamente escassa. A água tem diferentes utilizações e são todas legítimas, mas entre elas a mais essencial de todas é garantir que a população tem acesso a água potável, e, para isso, temos todos que ser responsáveis”, afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Chaves.

A propósito, segundo Nuno Vaz, realiza-se hoje uma ação de sensibilização ambiental e de alerta para “o valor da água” no Mercado Local de Produtos.

A iniciativa insere-se na campanha “Água é vida - não a desperdice”, promovida pelo Grupo Águas de Portugal, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

O objetivo é ir ao encontro da população que frequenta o mercado, que é sobretudo a mais idosa e proveniente das aldeias.

A primeira iniciativa realizada no âmbito da campanha foi uma peça de teatro dirigida às crianças das férias desportivas municipais.

“Nós percebemos que cada vez vai ser mais frequente termos situações de escassez e temos que aproveitar todos os momentos para comunicar e alertar que todos os comportamentos individuais contam”, frisou, lembrando que uma torneira aberta “um minuto representa uma perda de 12 litros de água”.

Portugal tem 48% do território em situação de seca severa a extrema, contra 100% no ano passado nesta época do ano, com a situação mais grave a sentir-se no sul do país.

Em 2022, o concelho de Chaves, no distrito de Vila Real, sentiu dificuldades no abastecimento de água em aldeias com sistemas autónomos, ou seja, abastecidas por furos ou fontes.

“No ano passado transportámos, através de autotanques, 10 milhões e 559 mil litros de água, foram feitos 871 transportes para 55 localidades”, contabilizou Nuno Vaz, que realçou que “foi um ano de uma grande exigência”.

Até ao final de agosto de 2023, foram fornecidos cerca de “um milhão e 700 mil litros de água”, através de 126 abastecimentos a 18 localidades.

“Mas quase metade desses abastecimentos não tem a ver com escassez e sim com questões relacionadas com ruturas, avarias ou a falta de garantia de parâmetros de qualidade”, ressalvou.

Nuno Vaz referiu que o município tem um plano com várias ações e intervenções, como a sensibilização ambiental e a implementação de uma maior eficiência hídrica através da redução da rega dos espaços verdes, das perdas de água na rede pública e de furtos ou consumos ilegais.

“Hoje, em Chaves, 70% do nosso espaço de rega já é feito através de água não tratada, diretamente captada no rio, e temos relvados e ervados que pura e simplesmente não regamos”, referiu.

Nos últimos anos, o município reduziu as perdas nas redes de abastecimento para as 49%, mas, segundo o autarca, “há ainda um longo caminho a percorrer”.

“Precisávamos que os fundos europeus tivessem privilegiado também os sistemas autónomos, particularmente o abastecimento de água, mas também o tratamento de águas residuais, e percebemos que não vamos ter essas dotações necessárias. Ainda assim temos a consciência que, em cada ano, temos que fazer um investimento muito relevante para que possamos ter a médio prazo perdas na ordem dos 20 a 22% no máximo. É esse o nosso objetivo”, frisou.



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