Os quatro autarcas dos concelhos da região do Baixo Sabor mostraram-se hoje otimistas face ao pagamento de 9,2 milhões de euros de rendas em atraso, reclamados à EDP e à Movhera, provenientes da Barragem implantada neste território.

Os autarcas de Alfândega da Fé, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, reuniram hoje em Lisboa com o secretário de Estado Energia, João Barroca, a quem manifestaram que há 9,2 milhões de euros de obrigações legais e contratuais não cumpridas há anos, referentes a rendas e medidas compensatórias, pela construção do aproveitamento hidroelétrico do Baixo Sabor, e que ainda não foram pagas.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Municípios dos Baixo Sabor (AMBS), Eduardo Tavares, disse haver garantias de que o governante se vai reunir com os responsáveis pela EDP e pela Movhera, para se encontrar uma solução para este conflito que já dura há anos.

“O senhor secretário de Estado da Energia, mostrou-se disponível para encontrar uma solução, entres partes, que traga justiça ao nosso território [Baixo Sabor] e às nossas pretensões que passam pelo pagamento dos 9,2 milhões de rendas em atraso”, vincou o autarca socialista de Alfândega da Fé.

Segundo os autarcas que integram as AMBS, seria bom chegar o mais rapidamente possível, um acordo com as concessionárias, para o pagamento desta dívida.

“O secretário de Estado da Energia prometeu vir ao Baixo Sabor, e aí, já podermos ter mais novidades e que se faça cumprir a lei”, disse Eduardo Tavares.

Segundo a AMDS, “com base no processo nº 6/24 e através do parecer n.º 24/2024, homologado há dias pela ministra do Ambiente e Energia, por via do despacho 188/MAEN/2025, a PGR veio dar razão aos argumentos legais que estão na base da posição dos municípios de Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo no diferendo que os opõe à EDP – Energias de Portugal e à Movhera, que desde de 2020 é a concessionária do aproveitamento hidroelétrico do Baixo Sabor”.

“O parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), recebido a 19 de junho de 2025, valida assim a interpretação jurídica defendida pela AMBS, ao reconhecer que a fórmula de cálculo das compensações prevista no decreto-lei em vigor, e nos protocolos assinados com a EDP, permanece aplicável. Ou seja, o decreto-lei está vigente”, defendeu Eduardo Tavares, em 30 de julho deste ano.

O parecer da PGR “já foi homologado pela ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e agora a posição oficial do Governo “está vinculada a este documento”.

Os autarcas do Baixo Sabor reiteram que estes montantes “são essenciais para executar projetos do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável dos Lagos do Sabor, fundamentais para combater a desertificação e criar condições de fixação de população através do turismo, da mobilidade e do apoio ao empreendedorismo local”.

A associação refere ainda que esta decisão “surge depois de anos de negociações sem sucesso com as entidades concessionárias e vai agora abrir caminho à reposição da justiça nos territórios com explorações hidroelétricas”.

A albufeira do Baixo Sabor estende-se ao longo de 60 quilómetros, desde a zona da barragem até cerca de 5,6 quilómetros a jusante da confluência do rio Maçãs com o rio Sabor, ocupando áreas dos concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.



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