Os autarcas querem fazer do Cachão um projeto âncora para as Terras de Trás-os-Montes, transformando o antigo complexo agroindustrial num novo polo tecnológico apresentado hoje à ministra da Coesão Territorial.

O antigo CAICA (Complexo Agroindustrial do Cachão) encerrou em 1992, data em que as câmaras de Mirandela e Vila Flor, no distrito de Bragança, pegaram na “pequena cidade industrial”, como lhe chamou hoje a ministra Ana Abrunhosa.

Quase três décadas depois, o complexo não conseguiu recuperar os tempos áureos da fundação, na década de 1960, e os autarcas lançaram-se num novo projeto de revitalização, que passou a abranger a região com o apoio da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes.

A CIM que abrange nove municípios foi quem encomendou e pagou 50 mil euros pelo estudo com as diretrizes para o complexo apresentadas hoje e que o presidente daquela entidade, Artur Nunes, resumiu como “um projeto âncora para o desenvolvimento das Terras de Trás-os-Montes”.

“Achamos que o Cachão estava aqui, é um desperdício efetivamente o que tem acontecido neste últimos anos e achamos que, para o futuro, pode ser uma alavanca para uma série de projetos, de investimentos”, afirmou o presidente da CIM.

O estudo apresentado hoje é o primeiro passo e o plano estratégico será executado depois de “ouvir os atores locais”, nomeadamente numa apresentação pública que deverá ocorrer durante o mês de outubro.

“Aquilo que se põe em cima da mesa hoje não é tanto a questão de uma revitalização, mas tem a ver com a sustentabilidade a viabilidade do Cachão e, por isso, é importante envolver a todos num projeto conjunto, num projeto em que cada um vai contribuir para que o Cachão seja um valor acrescentado para aquilo que já se produz e aquilo que se pode vir a comercializar”, apontou.

A CIM, que representa nove municípios do distrito de Bragança, assume no processo um papel agregador, desde autarcas a outros agentes do território, como associações empresariais, e instituições de ensino superior, como o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

O estudo elaborado por uma consultora propõe fazer do Cachão “um polo de apoio às fileiras agroindustrial e agroalimentar de Trás-os-Montes, concentrando um conjunto de serviços tecnológicos e de promoção de marcas de produtos locais, com espaço expositivo e associado aos futuros fluxos turísticos do Vale do Tua.

O presidente da Câmara de Vila Flor, Fernando Barros, acredita que estão criadas as condições para revitalizar este espaço emblemático do Nordeste Transmontano, atualmente com o abandonado estampado nas fachadas degradas e poucas empresas a funcionar.

O autarca admite que haverá dificuldades, mas aponta que a realidade atual é outro ao nível da conjugação de vontades e de estruturas como as ligações rodoviárias reforçadas na região, com o túnel do Marão, a Autoestrada Transmontanas e o IP2 e IC5.

A presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, recordou que o caminho começou a ser feito com a reabilitação ambiental e retira dos resíduos acumulados em dois incêndios que afetaram o complexo.

O Fundo Ambiental financiou a operação e mais 200 mil euros para até ao final do ano retirar escombros e vedar o complexo.

O plano de revitalização, esse será para concretizar de forma faseada com a previsão de que “o primeiro investimento será à volta de três/quatro milhões de euros em serviços técnicos com o apoio do IPB e da UTAD”.

“A ideia parece bem” à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que deixou, no entanto avisos aos promotores locais, desde logo que “pela dimensão, é impensável que, de um momento para o outro, se altere esta realidade”.

A governante elencou também as condições que defende para a viabilidade, concretamente que seja sustentável, que seja um projeto que acrescente valor à economia local, que possa ser um projeto de internacionalização dos produtos, que têm de ser trabalhados com empresas especializadas”.

A ministra considerou que “é este o momento para fazer alguma coisa por esta zona”, indicando que está a acabar um quadro comunitário e a iniciar um novo e Portugal está a receber as verbas da solidariedade europeia no âmbito da pandemia covid-19, nomeadamente no âmbito do programa de recuperação e resiliência.

Financiamento é o que procuram agora as entidades locais, enquanto a ministra prometeu que o Governo vai analisar a documentação e ressalvou que “para o projeto ser viável tem também de ter investidores privados interessados”.



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