A situação de duas famílias, uma que vivia na rua na periferia de Macedo de Cavaleiros e outra num casebre no cruzamento de Castelãos, denunciada no Natal de 1992 por um órgão de informação regional, foi em parte resolvida cerca de seis anos depois, com a atribuição de duas casas.

Só que, passados que são agora 13 anos, além de se manter a anterior situação de pobreza, a degradação tomou posse do interior das casas, por falta de obras de conservação, apresentando humidade nos tectos e rachas nas paredes.

Foi penoso o processo que levou à resolução dos casos das duas famílias que em 1992 viviam em situação precária na periferia de Macedo de Cavaleiros, uma numa barraca de madeira no denominado lameiro do Catita, ao fundo do parque florestal, e outra num casebre que ainda existe no cruzamento de Castelãos. A situação denunciada por um órgão de informação regional no Natal de 1992 mereceu a atenção do então presidente do Centro Regional de Segurança Social, Adão Silva, o qual se disponibilizou, na altura, a atribuir 7.500 euros (1.500 contos) para resolver a situação do alojamento das duas famílias. Igualmente sensibilizado para a questão, o vereador da altura, Abrantes Pereira, juntamente com o jornalista que denunciou a situação, tentaram encontrar em Castelãos um local para construir as casas, mas só foi possível arranjar esse terreno perto do cruzamento para aquela aldeia. Só que, quando se pensava que com este passo se tinha encontrado a solução, eis que surge o primeiro percalço: como o terreno coberto de silvas e mato e sem préstimo fazia parte do perímetro de rega do Azibo, a Direcção Geral de Hidráulica e Engenharia Agrícola não autorizava a dita construção. Só depois do referido jornal ter voltado à carga com a denúncia desse parecer é que foi dado o despacho favorável necessário para dar início à obra.
No entanto, só passados cerca de seis anos é que as casas foram entregues às duas famílias caren-ciadas. Isto porque entretanto houve também que resolver a situação da instalação eléctrica, que, tal como se previa, foi outro processo difícil de ultrapassar.
Já noutra conjuntura política, a Câmara Municipal entregou as casas, e na altura foi reconhecido que, dados os condicionalismos de pobreza extrema que caracterizava as famílias beneficiárias, a autarquia se comprometia a dar o acompanhamento social indispensável para que os locatários criassem os hábitos de asseio que ajudariam a manter o bom estado de conservação das casas. Só que, a determinada altura, as situações familiares dos alojados alteraram-se e com isso perderam-se alguns dos hábitos de limpeza adquiridos. Dado o abandono da casa por um membro do casal e por um dos ocupantes da outra casa, acabou por se perder o controlo da situação.
Só agora, com o regresso a casa de um dos alojados, por sinal aquele cuja situação (de deficiência) mais se enquadrava com o programa de ajuda que esteve subjacente ao apoio dado pela Segurança Social, é que foi dado a conhecer o estado de degradação a que as casas chegaram. Além da condição de pobreza, patente no mobiliário e falta de asseio, no interior notam-se sinais de humidade no tecto e rachas em todas as paredes das divisões. Apesar de ter cerca de 13 anos de uso, a falta de higiene que apresenta a casa do indivíduo deficiente, António Roberto Leal, dá ainda um aspecto mais sombrio ao ambiente que ali se vive. A manter-se este quadro, dá a ideia que quase nem valeu a pena terem sido construídas as casas. Isto porque, exceptuando o tecto que lhes foi dado, as condições de vida das famílias alojada, em estado actual de pobreza extrema, não são muito diferentes das que dispunham em 1992.



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